quinta-feira, 23 de julho de 2009

São Tomé e Príncipe firmará paridade cambial com Portugal

São Tomé, 23 julho 2009 (Lusa) - São Tomé e Príncipe e Portugal assinam na próxima semana um acordo de paridade cambial que vai permitir à moeda são-tomense (Dobra) “ancorar-se ao euro”, disse nesta quarta-feira o diretor do Centro de Investigação e Análise da Política de Desenvolvimento, Adelino Castelo David.

O acordo será assinado na capital são-tomense pela ministra do Plano e Finanças, Ângela Viegas, e pelo ministro luso das Finanças e da Economia de Portugal, Teixeira dos Santos.

A expectativa é de que o acordo de paridade cambial entre o arquipélago e Portugal entre em vigor já em janeiro de 2010.

“Depois de assinado o acordo, há demarches internas que devem ser feitas para que, nos próximos seis meses, o acordo entre em vigor”, disse David.

“Procurar a melhor forma de incentivos para os investidores, estabilizar a economia e manter estável o poder de importação e os preços dos produtos no mercado são-tomense” são alguns dos benefícios que as autoridades são-tomense esperam obter com este acordo, acrescentou David.

O acordo será apoiado por uma linha de crédito à disposição do país africano que será concedida por Lisboa. Contudo, o valor não foi revelado.

“Nós beneficiaremos de uma linha de crédito que servirá de almofada para caso de uma crise extrema", adiantou o alto funcionário do ministério são-tomense de Plano e Finanças.

Preparação

A assinatura do acordo foi antecedida por vários encontros e seminários destinados a “colher subsídios” que ajudassem a encontrar um suporte para a moeda são-tomense.

Naquele momento, algumas vozes levantaram-se a favor de uma ancoragem ao Franco CFA, como moeda que circula na sub-região africana e onde vários comerciantes fazem as suas compras para abastecer o mercado do arquipélago.

“Se nós aderíssemos ao Franco CFA, os custos seriam muito mais elevados. Não teríamos nada como garantia, tínhamos que mudar a nossa moeda e não teríamos nenhum suporte financeiro para, em caso de emergência, podermos recorrer”, afirmou David.

“Vários estudos feitos por peritos nacionais e estrangeiros recomendaram ao governo a adesão do país a uma moeda forte e encontrou-se no euro a alternativa”, disse.

Na quarta-feira, o premiê são-tomense, Rafael Branco, pediu a todos os partidos políticos, com e sem assento parlamentar, para ouvir as suas opiniões sobre o acordo.

Apenas o Movimento Democrático Forças da Mudança /Partido Liberal (MDFM/PL), um dos três partidos que formam o atual governo, mostrou alguma reserva quanto ao conteúdo do acordo, alegando não conhecê-lo.

“O problema não está em assinar ou não assinar. Apenas dizemos que não nos pronunciaremos sobre uma coisa que não conhecemos. E nós não conhecemos o conteúdo deste acordo”, disse João Paulo Simão, secretário-geral do MDFM/PL.

Nenhum comentário: