quarta-feira, 22 de julho de 2009

Moçambique/Democracia não existe sem uma base económica -- defende Presidente Guebuza na interacção com empresários brasileiros

O presidente Armando Guebuza apresentou aos empresários brasileiros, no decurso de um jantar de trabalho, a sua visão relacional e consequente entre a política e desenvolvimento, como substracto do convite que os formulou para investirem em Moçambique. Disse o Presidente que uma boa governação e democracia multipartidária não podem existir eternamente, ou como deve ser, se não tiverem uma base sólida, que é a economia.

21 julho 2009/Notícias

Intervindo na noite de segunda-feira, com recurso à metáfora, num ambiente bastante informal, constituído basicamente por motivados empresários e que já têm diversos interesses manifestos ou latentes em Moçambique, o hefe do Estado disse que a democracia também come e respira, e que para comer e respirar precisa de trabalho, aumento de renda, criação de riqueza e, acrescentou “de uma correcta distribuição dessa mesma riqueza”. “Eu acredito que os senhores aqui presentes podem contribuir para Moçambique utilizando o vosso saber, experiência nesta área de crescimento económico que vai permitir que a democracia respire aliviada, porque as pessoas vivem mais livres e melhores”- disse o presidente.
Guebuza falou também do combate à pobreza como acção central da sua governação. Mas igualmente estabeleceu a relação desse combate com a estabilidade política e a necessidade do reforço do desenvolvimento das instituições. Na visão do Presidente, sem instituições plenamente funcionais não se pode responder à exigência do combate à pobreza.
“É preciso que tenhamos a certeza de que a boa governação existe como parte da nossa cultura, isto é a democracia, a liberdade das pessoas de falar, ouvir, escrever e contribuir na solução dos problemas que eles enfrentam no seu dia-a-dia e a possibilidade de as pessoas poderem influenciar directamente as instituições políticas e sociais”, considerou o Presidente, naquilo que se pode classificar de explanação do ambiente político para o recebimento de investimentos no país.
Por seu turno, Roger Agnelli, presidente da Vale, que opera praticamente como uma empresa-âncora com relação a outras empresas brasileiras com potencial de investir em Moçambique considerou que o nosso país tem um potencial fantástico de crescimento e de oportunidades para as empresas brasileiras.
A Vale tem o mais mediático empreendimento em curso para a exploração do carvão de Moatize,com um investimento na ordem de 1.3 bilião de dólares. Espera-se que as primeiras exportações iniciem em 2010 para o Brasil, Médio Oriente, Ásia e Europa, a partir de uma capacidade nominal de produção estimada em 11 milhões de toneladas de metalúrgico e térmico, por ano. Ontem, falando à Imprensa moçambicana, Agnelli reiterou a intenção da Vale de a longo prazo escoar o carvão de Moatize via Nacala, colocando como argumento a limitação imposta pelo porto da Beira aos navios de grande calado.
Apesar de a cooperação bilateral entre os dois países ser descrita como sendo positiva, particularmente ao nível do entendimento político, ambos os países estão preocupados com o baixo nível de investimentos no sector empresarial e nas trocas comerciais. E é isso que os Presidentes Armando Guebuza e Lula da Silva procuram alterar, explorando a harmonia e amizade que ambos nutrem reciprocamente, segundo fontes diplomáticas.
Com efeito, os dados estatísticos disponíveis são elucidativos. Fontes oficiais moçambicanas indicam que a balança comercial entre 2004 e 2005 é bastante desfavorável a Moçambique. Nesse período as exportações situaram-se em1,650 milhão de USD, e as importações, em 119,479 milhões de USD. O défice comercial entre 2004 e 2008 foi de 117,829 milhões de USD e os investimentos brasileiros em Moçambique entre 1996 a 2008, foram na ordem dos 174,218 milhões dólares.
Entretanto, ainda ontem, o Presidente da República manteve um breve encontro com os estudantes moçambicanos radicados no Rio de Janeir, com que trocou impressões sobre a importância do conhecimento, tecnologia para se melhorar a produtividade no país e intervir-se na mudança de mentalidades em muitas outras áreas. (Rogério Sitoe, no Rio de Janeiro)

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