sexta-feira, 13 de junho de 2014

Moçambique/ACADÉMICO BRITÂNICO DENUNCIA DHLAKAMA (1 e 2)

7 junho 2014, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

Gustavo Mavie

O conceituado académico britânico Alex Vines publicou pouco antes das eleições autárquicas de 20 de Novembro último um estudo em que desvenda as verdadeiras intenções de Afonso Dhlakama.

No estudo, a que só agora tive acesso a ele aqui em Dublin e publicado contra a vontade da Renamo, Alex Vine, um dos peritos em assuntos político-militares africanos, deixa claro o que motivou o líder da Renamo a tentar recorrer de novo à guerra para ver se consegue, pela força, o que não tem conseguido por via das eleições ou das repetidas ameaças que fazia antes de enveredar pelos ataques esporádicos que leva a cabo desde Abril do ano passado.
Vines destaca que Dhlakama optou de novo pela violência por ter concluído que nunca mais chegará ao poder através de voto popular e mesmo aos gordos ganhos financeiros que amealhou entre 1992 e 2004.

Neste período ele chegou a receber de uma vez, como uma das formas de lhe comprar a paz que negava aos seus compatriotas, 17 milhões de dólares das Nações Unidas e cerca de 1,4 milhão de dólares anualmente de subsídios do Estado moçambicano. Ele recebia este montante do
Tesouro moçambicano por
força da lei, quando passou a ter esse direito, pelo facto de, nas primeiras eleições gerais de 1994, ter conseguido 112 dos 250 deputados que constituem o Parlamento moçambicano.

Este valor manteve-se ligeiramente superior nas eleições de 1999, dado que a Renamo passou a ter 117 deputados, contra 133 da Frelimo. Vines diz que foi o tempo em que a Renamo foi assaltada por pessoas das cidades, alguns dos quais intelectuais, que não estiveram com ela nas matas, mas que se contentavam com os salários e as mordomias parlamentares e que não se importavam com o facto de que Dhlakama fazia uso irresponsável destes cerca de 1,4 milhão de dólares.

O assalto à Renamo por gente como António Muchanga, Manuel de Araújo, Rahil Khan, Fernando Mazanga e Daviz Simango, este que teve de fundar o MDM após ser expulso da Renamo por Dhlakama, fica claro quando se olha para a composição da bancada da Renamo de 1994 a 1999, em que apenas 18 por cento dos seus deputados tinham estado a lutar nas matas.

Descontentes e ambiciosos
Segundo Vines, muitos dos que se filiaram à Renamo a partir das cidades eram desempregados, descontentes ou ambiciosos que na Frelimo não conseguiam ascender a posições de liderança que lhes dessem logo altos salários. Estes eram seguramente os casos de Manuel de Araújo, Eduardo Namburete, Ismael Mussá e outros tantos que abandonaram a Frelimo e se juntaram à Renamo em 2004 porque pensavam que seria Dhlakama e a sua Renamo que iriam ganhar e que, daí, seriam ministros ou algo semelhante, antes do voto popular catapultar Armando Guebuza e a sua Frelimo para uma vitória esmagadora.

Depois de recordar que a Renamo já chegou a estar quase num empate com a Frelimo nas primeiras eleições gerais de 1994 e mais ainda nas de 1999, Vines, que passou uma parte da sua juventude em Moçambique quando o seu pai era embaixador do seu país, diz que desde aquele ano para cá a Renamo e Dhlakama passaram a somar derrotas atrás de derrotas que os fizeram perder toda a esperança de um dia voltarem a ser um desafio à Frelimo e muito menos uma alternativa para a governação de Moçambique.

Vines aponta este quase empate entre a Frelimo e a Renamo como tendo resultado de muitos factores, mas principalmente da desarticulação da Frelimo pela guerra em quase todo o país e os apelos ao voto equilibrado entre as duas forças políticas, que era feito pelos líderes religiosos como forma de se evitar o retorno à guerra pela Renamo.

Aponta também as falsas promessas de uma vida melhor sem a Frelimo que a própria Renamo fazia junto das populações que praticamente viviam sob a sua dominação total e ainda o descontentamento que era causado pelas terríveis carências de quase tudo, dado que todas as infra-estruturas, tais como escolas, hospitais e toda a rede comercial tinham sido reduzidos a cinzas pela mesma Renamo, porque esta era uma das missões que lhe havia sido incumbida pelos regimes racistas que eram seus patrões.

Vines vinca que desde as eleições de 1999, em que a Renamo não só obteve cerca de 40 por cento do total dos votos, como ganhou uma maioria em 5 das 10 províncias do centro do país, já nas que se seguiram, mais concretamente nas de 2004 e principalmente as de 2009, o declínio em termos de apoio popular à Renamo foi mais visível para todos e tornou-se irreversível até hoje e fica evidente porque só tem 51 deputados. Isto enfureceu Dhlakama, que voltou a ver na guerra um novo recurso para voltar aos tempos da boa vida. De tanto zangado que ficou, ele ordenara aos 51 para que não tomassem posse, mas desobedeceram-no porque o que eles querem de facto são os salários e as mordomias. Mesmo o seu secretário-geral, Manuel Bissopo, não acatou esta ordem e tomou posse.

Vines aponta este declínio como sendo, certamente, o que levou Dhlakama a optar de novo pela guerra como única forma de se manter politicamente relevante e com isso ver se obriga a Frelimo a aceitar dar-lhe de novo os fabulosos ganhos financeiros que a força das armas lhe outorgara durante e depois do Acordo de Roma em 1992.

Esta leitura encontra sustentação na carta com que a Renamo pediu o agora diálogo com o Governo datada de 15 de Abril do ano passado, em que no seu ponto seis deixava claro que ele quer que seja pago mais do que os cerca de 100 mil dólares anuais que recebe em função dos 51 deputados que agora tem no Parlamento. Nela a Renamo alega que quer também ter os benefícios dos recursos naturais que estão a ser descobertos.

Substancia esta leitura apontando o facto de que mesmo durante a guerra dos 16 anos, e muito antes de assinar esse acordo com o antigo Presidente Chissano, ter-lhe sido pagos, pela Lonrho Moçambique, cinco milhões de dólares para não atacar os seus então interesses económicos em Moçambique, para além dos pagamentos não declarados que, obviamente, Dhlakama recebia do “Apartheid”.

Guerra como profissão
Vines deixa bem claro que Dhlakama fez da guerra um meio de acumulação financeira e, na verdade, os factos provam que ele encarou a guerra como sua profissão, daí que se recusou, segundo Raul Domingos, a aceitar ser um dos deputados e líder da bancada do seu partido, tendo delegado isso na altura ao próprio Raul Domingos, conforme diz Vines na sua análise.

Raul Domingos diz que este foi um dos piores erros de Dhlakama, porque impediu-se a si próprio de se projectar na cena política moçambicana e que passou a ter inveja daquele quando se apercebeu que estava a ser mais “estrela” que ele próprio que era líder da “perdiz”. Para se vingar de Raul Domingos demitiu-o e expulsou-o da Renamo, tendo feito o mesmo em relação a muitos outros que tentaram “eclipsá-lo”, como Daviz Simango, que foi fundar o seu próprio partido, o MDM, que para os mais videntes foi concebido à imagem e semelhança da Renamo, vendo-se isso pela maneira como é gerido, que é também à imagem e semelhança da “perdiz” e cuja marca é a centralização das decisões e nomeações nas mãos do líder. Isto fica mais do que claro pela composição das pessoas que integram a sua Comissão Política. Basta dizer que o chefe da bancada é um dos seus irmãos, Lutero Simango. Na verdade, Simango e todos os que foram expulsos ou marginalizados por Dhlakama continuam a sentir-se renamos e isso fica evidente quando se pronunciam publicamente, como foi o caso de Daviz Simango, que quando visitou Nampula este mês para lançar a sua pré-campanha disse lamentar que não se esteja a dar condições de Dhlakama sair das matas e gozar da sua liberdade. Daviz Simango diz também que é contra a compra das armas pelo Governo, como quem diz que deixem a Renamo esmagar o poder da Frelimo para que possamos também ascender a esse poder. Também o edil do MDM em Quelimane, Manuel de Araújo, deu uma entrevista ao Savana, publicada na sua edição de 5 do mês passado, em que faz um elogio à guerra dos 16 anos que a Renamo moveu ao serviço do “Apartheid” e que matou mais de um milhão de moçambicanos e aponta os ataques que agora está a fazer como sendo também um mal necessário, porque é o que está a forçar a Frelimo a ceder na mesa do diálogo com a Renamo. Isto prova que estão certos os que dizem que o MDM é um dos lados da mesma moeda que é a Renamo e nada mais.

De resto, há um estudo dum académico alemão que diz que o MDM só sabe falar mal da Frelimo, tal como o fazia ou o faz a Renamo e que não se conhece nenhum programa político de ambos. Todos espelham uma áurea de ódio e um potencial de se vingarem da Frelimo, como se tivesse sido um partido que só fez mal ao país, quando foi esta Frelimo que libertou os moçambicanos do tenebroso colonialismo português, incluindo os que a diabolizam e os seus veteranos e negam homenagear os seus melhores líderes, como Eduardo Mondlane e Samora Machel, que tombaram lutando contra a colonização e contra os regimes racistas que imperavam na região.

”Desde as eleições de 1999 a Renamo tem visivelmente enfraquecido e não tem sido capaz de desafiar significativamente a hegemonia da Frelimo e esta ganhou vitórias esmagadoras nas eleições de 2009. O novo Parlamento, eleito em 2009 para um período de cinco anos através da representação proporcional, é dominado pela Frelimo.

A Frelimo ganhou 75 por cento dos votos e tem a maioria em todas as antigas zonas que outrora eram de maior influência da Renamo. A Frelimo domina o país a um tal ponto que nunca antes conseguira após a introdução do sistema multipartidário nos começos de 1990”, diz este académico no seu estudo, que tem como título em Inglês Renamo’s Rise and Decline: The Politics of Reintegration in Mozambique, o que em Português se pode traduzir como Ascensão e Declínio da Renamo: A Política de Reintegração em Moçambique.

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Moçambique/ACADÉMICO BRITÂNICO DENUNCIA DHLAKAMA (2)


No estudo que oacadémico britânico Alex Vines publicou pouco antes das eleições autárquicas de 20 de Novembro último, no qual desvenda as verdadeiras intenções de Afonso Dhlakama, destaca que o líder da Renamo voltou às matas para tentar reagrupar os seus ex-guerrilheiros e treinar outros.

Ele tomou esta decisão porque está sem dinheiro, depois de esbanjar os mais de 50 milhões de dólares americanos recebidos da Lonrho, da ONU e do Estado moçambicano.

Segundo Vines, o valor não inclui as doações do seu patrão “apartheid” durante os 16 anos da guerra movida contra Moçambique, que causou a morte de mais de um milhão de compatriotas e acima de quatro milhões de refugiados em países vizinhos, incluindo o Malawi, a Zâmbia, o Zimbabwe e a África do Sul.

Os cerca de 50 milhões de dólares incluem os cinco milhões que recebeu da Lonrho durante a guerra dos 16 anos, para não atacar os empreendimentos da multinacional que, na altura, estava a desenvolver no país, acrescidos aos 17 milhões recebidos da ONU para transformar a sua Renamo num partido político, mais os 1,4 milhão que recebia anualmente do Estado entre 1994/2004, quando a sua bancada parlamentar possuía acima de 100 deputados, não só para si, como também para financiar o seu partido.

Porém, segundo Vines, quase todo este valor ficou com Dhlakama e um pequeno círculo de amigos que a ele se juntou e o bajulou até se tornar no seu meio de acumulação.

Esses indivíduos são os mesmos que hoje são as caras mais visíveis da Renamo, nesta altura em que Dhlakama voltou a usar as matas como esconderijo desde 21 de Outubro até ao último reaparecimento a 7 de Maio, quando foi recensear-se num dos postos móveis enviados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) em coordenação com o Governo.

Vines aponta que foram essas pessoas que ao se aperceberam de que Dhlakama estava a receber muito dinheiro, juntaram-se a ele, apesar da guerra brutal que levou a cabo com a sua Renamo, contra Moçambique e que deixou envergonhados a todos os sensíveis.

Vines deixa claro que a lealdade desses indivíduos a Dhlakama não é, de facto, com ele, mas sim é uma forma de eles garantirem o seu pão de cada dia, e aponta o facto de os 51 deputados que apesar de terem sido instruídos pelo seu líder a não tomar posse depois das eleições de 2009, desobedeceram e foram investidos sem o mínimo de vergonha, incluindo o seu 10º secretário-geral, Manuel Bissopo, que agora anda a ameaçar dividir o país em dois.

Os falsos
Estes politiqueiros da Renamo, como António Muchanga e Fernando Mazanga, são os mais falsos, porque, segundo Giovani Papini, aparentam estar tão empenhados na causa do povo e prontos a sacrificarem-se por ele, quando na verdade são movidos por interesses pessoais e dos seus mais próximos.

A fim de encobrirem as suas reais intenções, segundo Papini, passam a vida inteira a dizer o que não pensam, e pensam o que não dizem, do mesmo modo que fazem o que não dizem e dizem o que não fazem. São como as mulheres ou homens que não amam a pessoa com que partilham a cama, mas só para tirar proveito das suas finanças ou outros bens materiais ou imateriais que permitem levar uma boa vida.

Vines desvenda a apropriação de Dhlakama pelos oportunistas urbanos que a ele se juntaram às catadupas, apontando o facto de apenas 18 por cento dos deputados que a Renamo passou a ter na Assembleia da República entre 1994/99, serem os que combateram ao seu lado nas matas, porque 82 por cento eram os citados.

Para garantirem a manutenção no topo da liderança da Renamo, nunca persuadiram Dhlakama a adoptar métodos democráticos de eleição interna, dos que deviam ser membros dos vários órgãos de Direcção ou mesmo do Parlamento, preferindo que fosse ele próprio a nomear cada um e todos eles para esses órgãos.

Mesmo quando realizavam as chamadas conferências nacionais para a eleição desses órgãos, não passavam de simulações, porque Dhlakama sempre teve a prerrogativa de nomear os que ele queria que ocupassem este ou aquele cargo. Uma das provas disso está no facto de ser ele quem nomeia mesmo os secretários-gerais, a ponto de já ir ao 10º, depois de demitir nove outros, desde que se tornou líder da Renamo há 33 anos.

Na verdade, as lutas internas e o compadrio na Renamo tiveram como epicentro o Dhlakama, por ser instrumento dos politiqueiros, situação que, na óptica de Vines, foi enfraquecendo a “Perdiz” ano após ano, porque a cada vez que um deles se tornasse mais influente, era pontapeado para dar lugar a outro ambicioso pelo poder e pelas regalias.

Este foi o caso de Raul Domingos e mais tarde de Daviz Simango, em que no caso deste último, foi lhe recusada, por Dhlakama, a possibilidade de se recandidatar ao cargo de Presidente do Município da Beira, preferindo Manuel Pereira, que, na altura, mais bajulava o seu líder e para dar a aparência de um engajamento, à semelhança do Muchanga, Bissopo e mesmo Mazanga, agora.

Na altura, Manuel Pereira ameaçava também dividir o país, como se antes tivesse havido dois Moçambiques que a Frelimo teria transformado à força num e único país, quando na voz de Samora Machel proclamou, em 1975, a independência nacional.

Facto curioso é a prática de recorrer a nomeações e não a eleições, herdada por alguns dos expulsos da Renamo por Dhlakama, como é o caso de Daviz Simango que faz exactamente a mesma coisa que o seu antigo líder, a ponto de a cúpula do MDM “é quase toda constituída por senas de Chibabava, donde os seus pais são originários”.

Queda da mascára
Um dos últimos episódios que desfez a “carapuça” e deixou claro que Daviz dita as ordens no MDM, foi o seu recente aparecimento a dizer que anularia o voto dos seus deputados na AR, onde aprovaram também a Lei que outorga o que se passou a designar de Excessivas Mordomias dos deputados.

A afirmação deixou-o tão mal na fotografia política moçambicana, porque tenta lavar as mãos duma situação que ele próprio foi um dos mentores, mas agora está a tentar dar a entender que tudo foi feito sem o seu consentimento,  mas isso é inacreditável porque o chefe da sua bancada parlamentar Lutero Simango, é seu próprio irmão.

O que está a tentar fazer é, na verdade, atirar o carvão, aceso e quente, às mãos de Guebuza, para que quando der o aval à lei, dizer aos moçambicanos “viram meus compatriotas, o nosso Presidente não me ouviu, e, se não der aval, dirá que foi graças ao seu apelo e não teve como senão chumbá-la”.

Estas partidas, só podem enganar os incautos, porque são de alguém que quer tirar dividendos num e noutro caso, e ficar com a aparência de bonzinho que não é e nunca foi, segundo me têm assegurado os que melhor o conhecem.

As fontes mais conhecedoras afirmam categoricamente que Daviz Simango deu luz verde para que os seus deputados dessem o voto favorável, porque ele é um dos potenciais beneficiário da lei, porque é um dos concorrentes à Presidência, e ela estabelece também os valores com que os ex-presidentes deverão receber como pensão ou reforma.

Afirma agora estar contra, em função dos protestos contra essa lei, e como se caminha a passo acelerado rumo às eleições, prefere recuar para não comprometer a sua eleição, mas depois de conseguir, não tenho a menor sombra de dúvida que fará tudo o que não diz, mas que é o que pensa de facto fazer quando se instalar na Presidência da República.

O fracasso de Dhlakama
No estudo de Vines, donde me inspirei para tecer estas considerações sobre Dhlakama e os que ele moldou, à semelhança deste Daviz Simango, afirma-se que Dhlakama voltou às matas porque nas suas tentativas de manipular os moçambicanos à aderirem as manifestações iguais a chamada Primavera Árabe, que culminou com queda dos regimes no poder na Tunísia, Egipto e de algum modo na Líbia, não lhe deram ouvidos.

O académico britânico aponta a fracassada manifestação que Dhlakama tentou desencadear em Novembro de 2000, ao alegar que as eleições de 1999 tinham sido fraudulentas, episódio que se saldou na morte de 40 pessoas, sobretudo em Montepuez.

Aliás, depois desse fracasso, segundo Vines, a autoridade de Dhlakama foi-se declinando, e foi quando começou a avaliar a mudança de Maputo para Nampula, por acreditar que era no Norte e no Centro onde ganhou a maioria nas tais cinco províncias.

Na outra investida a que Dhlakama se viu sem apoiantes, foi quando decidiu boicotar algumas das eleições municipais, como balão de ensaio para medir a sua popularidade. O povo não o acatou e votou nos partidos concorrentes, como foi o caso do escrutínio de Novembro 2013 boicotado pela Renamo, mas não pelo povo.

Um ano antes das eleições previstas para Outubro, ao aperceber-se que o povo não aderia ao boicote, decidiu mesmo que teria de recorrer à força, para evitar a sua realização, e foi dai que começou a intensificar o treinamento de mais guerrilheiros, a partir de Satungira, antes da tomada da área, em Outubro de 2013 pelas Forças de Defesa e Segurança.

Aquando da tomada da área, segundo Vines, Dhlakama devia ter já entre 500 a 1000 homens prontos para o combate, sendo estes que estão a protagonizar os ataques desde Abril do ano passado, com o intuito de inviabilizar as eleições que se aproximam.

Dados de peritos indicam que se as tropas do Governo não tivessem invadido Satungira, Dhlakama teria treinado já, por esta altura do ano, um efectivo de 4.000 homens, e tinha, pelo menos 400, em cada uma das 10 províncias prontos para desencadear ataques.

Na óptica de Vines, a decisão de Dhlakama de enveredar novamente pela via militar sair-lhe-ia muito mal, por não ter as condições de há 21 anos, quando contava com o apoio militar e financeiro do “apartheid” e de algum modo de alguns países ocidentais contra a Frelimo, que viam nele um aliado dos países comunistas, como a então União Soviética e a China de que hoje os próprios ocidentais vão agora pedir apoio financeiro para debelar as suas crises.

Vines deixa claro que Dhlakama está assustar os seus compatriotas, mas que está ele condenado a fracassar, porque de guerra real ele não está em condições de a fazer porque não tem uma fonte segura e sustentável de armas e carece de apoio popular que prefere que ele seja um político tal como os outros o fazem.


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