quarta-feira, 19 de maio de 2010

Moçambique/Apesar de sinais de recuperação da crise: Exige-se prudência nas reformas em curso

Os países devem manter a devida prudência na monitoria das instituições financeiras e empreender esforços para a continuidade das reformas já iniciadas, porque a crise ainda não passou. Este apelo foi feito ontem em Maputo pelo Ministro das Finanças, Manuel Chang, no final do Simpósio Internacional subordinado ao tema “Crise financeira Internacional – Caracterização, Lições a Tirar e caminhos a seguir”, organizado pelo Banco de Moçambique, por ocasião da passagem do seu 35º aniversário, efeméride que se assinala a 17 de Maio.

18 maio 2010/Notícias

Tais reformas, segundo Manuel Chang, têm em vista o reforço da regulamentação da indústria financeira, através do aumento da abrangência da supervisão a todas as instituições financeiras e instrumentos financeiros relevantes, bem como o fortalecimento das regras reguladoras para os paraísos fiscais e agências de classificação de créditos e do sistema bancário, com vista ao aumento da transparência e do controlo sobre o sistema financeiro.

“O sistema financeiro internacional continua ainda sob algum risco, as economias europeias apresentam uma situação fiscal difícil e que exige medidas drásticas de austeridade e as economias em desenvolvimento mantêm-se expostas ao efeito de contágio”, referiu o ministro das Finanças, para quem estes factos impõem a obrigatoriedade de “mantermo-nos atentos à evolução da economia mundial, por forma a tomarmos medidas que se julguem mais adequadas em tempo oportuno”.

Disse que, apesar do optimismo quanto à recuperação da economia mundial num futuro breve, acredita-se que a sua intensidade dependerá do aumento da procura global e do ritmo de retirada dos estímulos fiscal e monetário introduzidos no auge da crise, o que faz prognosticar que a reposição das capacidades industriais de produção vai ainda levar algum tempo.

Antes, o Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, disse que o Banco Central foi sendo construído de desafio em desafio, destacando como aspectos importantes, a gestão da instituição após a fuga de quadros, em 1975, a preparação e a criação do metical e substituição do escudo português, em 1980, a separação das funções comerciais, em 1992 e a introdução do metical da nova família.

Referindo-se às medidas tomadas pelo Banco face à crise financeira, Ernesto Gove destacou o relaxamento da política monetária, reduzindo por duas vezes o coeficiente das reservas obrigatórias, num total acumulado de 100 pontos base.

“Nessa conformidade, torna-se pertinente entendermos a essência das crises, para melhor nos posicionarmos perante as mesmas e enfrentarmos os desafios, tendo em vista acelerar o crescimento das nossas economias e, consequentemente, a recuperação dos empregos perdidos”, referiu Ernesto Gove.

Por seu turno, o Secretário-Executivo da SADC, Tomaz Salomão, disse que a crise contribuiu para o arrefecimento do crescimento da economia, sendo que a inflação em toda a região, excepto o Zimbabwe, se situou acima de 13 porcento em 2008, contra cerca de oito porcento no ano anterior.

Tomaz Salomão que foi orador principal do tema “Impacto da Crise Financeira Internacional nas Economias da SADC, com Destaque para Moçambique”, disse que o Continente Africano foi afectado pelos efeitos secundários da crise.

Para Tomaz Salomão, o futuro dos países africanos, particularmente os estados membros da SADC, passa pelo aprofundamento da integração regional e reforço do comércio intra-regional.

Enquanto isso, António Gustavo Matos do Vale, administrador do Banco Central do Brasil, disse que o seu país está a recuperar da crise, tendo já conseguido alguma sustentabilidade do seu crédito externo.

Ao trazer para Moçambique oradores de vários países pretendia-se captar e cruzar diferentes manifestações e visões de um problema comum que afectou países e blocos económicos de forma distinta, porque no contexto da globalização a estratégia é de que nenhum estado deve agir isoladamente.

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