terça-feira, 11 de maio de 2010

Brasileira resgata em livro infantil personagens do Iraque antigo

5 maio 2010/Vermelho http://www.vermelho.org.br

A protagonista da história é a diretora de Heranças Culturais da Sociedade Internacional de Resgate à Fantasia (SIRF). Em função da guerra em Bagdá, que começou em 2003, ela se comunica com Simbá, Ali Babá, Aladim, pedindo ajuda para impedir que os sonhos sejam abandonados no meio da guerra. O marujo Simbá vai por mar, Aladim vai com seu tapete pelo ar e contadores de história ajudam por terra. Com o patrocínio de Ali Babá, eles conseguem resgatar 15.222 personagens de As Mil e Uma Noites.

Esse é, em linhas gerais, o enredo do livro infanto-juvenil Operação Resgate em Bagdá - A batalha do invisível, da jornalista brasileira Luciana Savaget, publicado em 2004 pela editora Nova Fronteira. O livro foi traduzido do espanhol para o árabe no ano passado pelo Instituto Tamer, organização não-governamental palestina, e o Ministério de Educação do país árabe comprou 100 mil exemplares. Eles foram distribuídos entre crianças dos campos de refugiados palestinos e Luciana esteve no país, no último mês de novembro, para falar sobre a obra.

"Quando começou a guerra, eu fiquei desesperada. Pensava: as pessoas não estão se dando conta que não vai ser destruída apenas uma cidade, mas o cenário de As Mil e Uma noites. Aladim nasceu no mesmo bairro que Saddam Hussein, Simbá navegava nos rios Tigre e Eufrates”, diz a escritora. Ela conta que começou a enviar e-mails e falar com as pessoas sobre o tema. E resolveu escrever o livro, todo feito de correspondências com os personagens árabes como Simbá, Ali Babá e Aladim. Detalhe: Simbá já estava aposentado, mas resolveu abrir exceção e participar da operação. Comunicação com ele, já idoso, porém, só por carta.

O livro é o primeiro de uma série de três. O segundo, chamado Operação Resgate na Jordânia - O Segredo do deserto, foi lançado em 2007 e é fruto de uma viagem que Luciana fez ao mundo árabe – Jordânia, Síria, Egito e Palestina – para dar palestras sobre o livro Operação Resgate em Bagdá - A batalha do invisível. A autora, como diretora da SIRF, conta um pouco da sua viagem, como uma noite de sono no deserto ao lado de beduínos, enquanto narra a busca pela lâmpada de Aladim, que caiu em mãos de demolidores de sonhos. Ela acha a lâmpada, mas não o gênio.

E o gênio é justamente o tema do terceiro livro da série, que será lançado neste ano. Nele, a diretora de Heranças Culturais da SIRF vai à Palestina porque acredita que o gênio anda espalhando o mal e tem participação na falta de entendimento entre palestinos e judeus para o fim do conflito. De acordo com Luciana, ainda não está prevista tradução desta obra e nem da segunda da série para o árabe. A dificuldade, segundo ela, é encontrar profissionais que façam a tradução direta do português para o árabe. O fato de o livro sobre Bagdá ter versão em espanhol, facilitou a tradução para o idioma árabe.

Autora
A escritora Luciana Savaget, 50 anos, é autora de 29 livros. O primeiro escrito por ela, chamado Flor sem Nome, foi publicado em 1988. A jornalista conta que as primeiras obras eram mais ficção pura e que a partir da Operação Resgate em Bagdá - A batalha do invisível passou a misturar fantasia e realidade, que é o que acontece na série infanto-juvenil que trata de países árabes.

Apesar de não ter descendência árabe, ela se sente intimamente ligada ao Oriente Médio. Luciana tem uma coleção de peças femininas muçulmanas, como o xador, que faz questão de mostrar às crianças brasileiras em suas palestras sobre os livros infantis. O objetivo é mostrar, com isso e outros elementos, que o islamismo é uma religião como outra qualquer e não deve ser vinculada ao terrorismo.

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, além de levar adiante a carreira de escritora, Luciana trabalha como jornalista na Globo News, canal de televisão a cabo da Rede Globo. Na emissora, ela ocupa o cargo de editora do programa Arquivo N. Além de obras infantis, Luciana, que é católica, também tem livros para adultos, como dois feitos a partir de uma pesquisa jornalística nas Igrejas Católicas sobre a Nossa Senhora.

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