22 dezembro 2011/Esquerda.net http://www.esquerda.net (Portugal)
Um grupo de professores contratados e desempregados foi até à residência oficial do primeiro-ministro com bilhetes de viagem só de ida para vários destinos do planeta e uma mensagem muito clara: "Emigra tu!".
“Estamos aqui em reação a declarações inaceitáveis do primeiro-ministro e estamos aqui a sugerir que ele próprio vá emigrar. Temos vários bilhetes de avião para escolher para onde é que quer emigrar”, explicou à Lusa Miguel Reis um dos membros do grupo de Protesto dos Professores Contratados e Desempregados, que se associou à convocatória nascida nas redes sociais e lançou uma petição na internet de repúdio pelas declarações do primeiro-ministro.
"Emigra tu!" foi o slogan desta iniciativa, entoado pelo grupo à porta da residência oficial de Passos Coelho, indignados pelo conselho dado na entrevista ao Correio da Manhã aos professores desempregados, para que emigrem para o Brasil ou Angola. «Um primeiro-ministro que desiste das pessoas e do país e diz isto, é ele que está a mais e não os professores», acrescentou Miguel Reis.
Os professores apontam responsabilidades ao Governo por aumentar o número de alunos por turma em vez de diminuir. «Chegamos a ter, nas escolas das zonas periféricas de Lisboa, mais de trinta alunos por turma e o número máximo, os 28 alunos, é geralmente ultrapassado por alunos que vão chegando a meio do ano, por exemplo. Como é que nós com turmas com 30 alunos podemos dizer que temos professores a mais», questionou em seguida.
Para este professor no desemprego, «não temos professores a mais, temos é insucesso escolar a mais e temos professores a menos para combater esse insucesso».
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DECLARAÇÃO DE REPÚDIO PELAS DECLARAÇÕES DE PEDRO PASSOS COELHO
Fonte: Change.org http://www.change.org/petitions/declarao-de-repdio-pelas-declaraes-de-pedro-passos-coelho
Caro/a amigo/a
“Estamos com uma demografia decrescente, como todos sabem, e portanto nos próximos anos haverá muita gente em Portugal que, das duas uma: ou consegue nessa área fazer formação e estar disponível para outras áreas ou, querendo manter-se sobretudo como professores, podem olhar para todo o mercado da língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa”. Pedro Passos Coelho, 18.12.2011
O primeiro-ministro aconselhou os professores desempregados a emigrar. Somos cidadãs e cidadãos portugueses. Entre nós estão professores, alunos, encarregados de educação. E não só. Exigimos respeito.
Ao contrário do que afirma Passos Coelho, o despedimento de professores não é resultado da demografia. É uma opção política. A escola pública tem hoje um corpo docente aquém do necessário e turmas sobrelotadas. Os professores desempregados fazem falta ao sistema de ensino.
As declarações do primeiro-ministro demonstram que dias piores esperam a escola pública. Toda a demagogia vale para mascarar uma política irresponsável. Passos Coelho está disposto a desperdiçar todo o investimento feito, ao longo de anos, pela sociedade portuguesa na formação de professores.
Ridicularizando os tiques do poder autoritário, Bertold Brecht perguntou um dia: "Não seria mais fácil o governo dissolver o povo e eleger um outro?". Hoje, a retórica da austeridade fala a sério: o governo quer expulsar os que considera a mais.
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