sexta-feira, 26 de junho de 2009

Seminário debate intercâmbio do estudante africano no Brasil

Rio de Janeiro, 24 junho 2009 (Lusa) - O desafio de mostrar a presença de estudantes africanos nas universidades brasileiras motivou a realização do primeiro seminário "África no Brasil: Visão Universitária", afirmou o promotor do evento, o guineense Lenine Djù, para quem o desenvolvimento passa pela educação.

"Esta oportunidade de estudar fora não é em vão, é o sonho de qualquer jovem guineense ter uma formação acadêmica", disse à Agência Lusa Djù, de 26 anos, nascido em Bissau, que está no Brasil há três anos para estudar Publicidade na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O futuro publicitário disse que escolheu o Brasil por ser um país referência na sua área de formação.

Djù é um das centenas de jovens africanos que integra o Programa Estudante Convênio de Graduação (PECG).

Este é um dos instrumentos de cooperação educacional que o governo brasileiro oferece a outros países em vias de desenvolvimento, especialmente da África e da América Latina, e possibilita que cidadãos de países com os quais o Brasil mantém acordos educacionais ou culturais realizem estudos universitários no Brasil, em nível de graduação.

"Muitos guineenses querem ir atrás dos seus sonhos. O meu objetivo aqui é formar-me e levar tudo de bom, conhecimento, experiência e contribuir para o processo de desenvolvimento do meu país", complementou ao citar sentir-se "lisonjeado" por fazer parte da diáspora "que no contexto africano, geralmente são intelectuais que saem".

Djù quer mostrar que o intercâmbio rendeu frutos e afirma que o Brasil é a sua segunda pátria.

"O Brasil proporcionou-me uma coisa que o meu país não pode, não vou esquecer, foi o Brasil que meu deu conhecimento acadêmico", disse.

Seminário
O encontro "África no Brasil" que acontece até esta quarta-feira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para integrar experiências dos dois continentes, é a primeira iniciativa que visa reunir estudantes universitários de países africanos e brasileiros.

Nesta instituição pública, estima-se que estudam atualmente 170 africanos de 11 nacionalidades através deste programa de convênio de graduação.

Por sua vez, o embaixador de Moçambique, Isaac Murargy, presente na abertura do evento, também defendeu a educação como ferramenta para a diminuição da pobreza e "de todos os males".

No Brasil, há cerca de 400 moçambicanos que estudam em universidades brasileiras e o desafio, segundo Murargy, é aumentar a afluência de moçambicanos ao Brasil.

"O Brasil criou, desde sempre, essa abertura em várias universidades. Os estudantes têm que ter auto-estima porque o país precisa deles, num momento em que estamos no processo de desenvolvimento, e eles têm um papel a desempenhar", afirmou o embaixador à Lusa.

Segundo Murargy, a proximidade da língua facilita.

Para a cabo-verdeana de 23 anos, Sara Estrela, que vive há cinco anos no Brasil estudando Direção Teatral, estudar num país estrangeiro é uma opção de muitos jovens em Cabo Verde.

"É sina de quem vive lá, Cabo Verde é um país muito emigratório, é uma opção ir para o estrangeiro. Eu queria ir para um lugar que tivesse a ver com a minha cara e achei que o Brasil tinha e é a referência na área de teatro", destacou.

Estrela é uma das estudantes universitárias que participam do seminário "África no Brasil" e dará o seu depoimento sobre a sua vida no Brasil.

O seu objetivo é não parar de estudar, mesmo após graduada.

"Eu quero continuar a estudar, fazer mestrado, quero estudar o máximo que puder, sempre", frisou.

Durante as palestras, os alunos africanos darão depoimentos sobre suas experiências.

Haverá ainda exibição de filmes sobre a realidade africana e de grupos folclóricos de estudantes africanos.

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