quinta-feira, 18 de junho de 2009

Actividade empresarial na China, Brasil e Angola sai reforçada da crise

Londres, Reino Unido, 15 junho 2009 – A actividade empresarial na China, no Brasil e em Angola vai sair reforçada da actual crise económica global, enquanto que países ocidentais como Portugal ver-se-ão enfraquecidos entre 2009 e 2013, afirma a Economist Intelligence Unit.

No relatório “O Impasse da Globalização: Como a Reviravolta Económica Global Vai Afectar o Ambiente de Negócios”, divulgado em Maio, Portugal surge na 36ª posição (entre 82 países), ainda à frente do Brasil, mas perdendo duas posições em relação à média de pontuações do ambiente de negócios entre 2004 e 2008.

“Os países que sofreram maiores quebras de pontuação são aqueles que registaram bolhas de activos, cujos governos estão dependentes de financiamento estrangeiro e os que têm grandes indústrias de serviços financeiros”, caso do Reino Unido, que perde 12 posições na previsão para o período 2009-2013, ou da Irlanda.

Dos países integrados no grupo da Europa Ocidental pela EIU, a Turquia é o único a ter uma previsão favorável para a sua pontuação nos próximos anos.

Na Ásia, o cenário é o inverso, com China, Índia e Vietname, “as três economias mais dinâmicas da região” a galgarem posições.

No caso chinês, o “salto” será de 11 posições, para o 45º geral no período 2009-2013.

O Brasil deverá ganhar uma posição, para 39º, embora o crescimento da pontuação não seja significativo.

“O Brasil atraiu uma gama de investidores crescentemente diversificada nos últimos anos, mas a pouca eficácia institucional, um sistema fiscal complexo e oneroso e deficiências do mercado laboral e das infra-estruturais impedem que esteja a escalar posições nas listas globais”, refere a EIU.

“A extensa rede de acordos de comércio livre e um grande mercado interno garantem que o Brasil vai continuar a ser uma localização atractiva para investimentos, apesar de as condições económicas internas serem extremamente débeis na primeira metade do período previsto”, adianta.

Angola também melhora a sua pontuação, mas, apesar da aproximação à Venezuela, “o ritmo da melhoria será mais lento do que em muitos outros países”, pelo que se mantém no fundo da tabela da EIU.

“Esperam-se progressos pouco significativos nas reformas estruturais, mas crescentes oportunidades de mercado serão sustentadas pelo esperado crescimento da produção de petróleo e diamantes”, adianta.

O país lusófono vê a sua posição na categoria de oportunidades de mercado saltar de 57º para 31º em 2009-2013, graças ao rápido crescimento populacional e aumento do PIB per capita.

Contudo, escreve a EIU, “a qualidade do ambiente de negócios geral permanece baixa, em resultado da ausência de instituições de governo eficazes e infra-estruturas muito pobres” e “as oportunidades de negócios foram dos sectores petrolífero e diamantífero vão continuar a ser muito limitadas”.

Na região, a África do Sul deverá reter a posição de liderança no ambiente de negócios, embora perca seis posições, com a Nigéria também em sentido descendente.

“A qualidade média do ambiente de investimento na região continua a ser pobre. Mas, apesar dos problemas em operar na região, as taxas de retorno são potencialmente elevadas para aquelas empresas que conseguirem dominar o complicado ambiente político e o difícil ambiente regulatório”, afirma a EIU.

O modelo Business Environment Rankings (BER) testa a atractividade de um ambiente de negócios e seus principais componentes, com base em dados quantitativos, sondagens empresariais e avaliações de peritos.

Pela primeira vez desde a introdução deste modelo, em 1996, o ambiente de negócios médio regista uma quebra em relação ao período quinquenal antecedente.

“Até há pouco tempo, esperava-se que o ambiente de negócios em todo o mundo continuasse a melhorar, reflectindo a aparentemente marcha incessante rumo à globalização”, mas agora este ritmo “será parado e nalguns casos invertido”, devido ao menor crescimento económico, fechamento de mercados e menor aposta em infra-estruturas.

No período 2009-2013, o ambiente de negócios vai piorar em mais de metade dos países (44 em 82) e o crescimento médio das economias mundiais, medido em paridade de poder de compra, cairá para 2,3 por cento, metade do registado até 2008, segundo dados da EIU.

Para a Economist, o panorama de negócios global nos próximos anos será de “maior precaução, menor liquidez, fluxos de capital internacionais mais reduzidos, regulação mais apertada e menor tomada de risco. (macauhub)

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