sábado, 13 de agosto de 2016

Brasil/MINISTRO DO SUPREMO MANDOU AVISAR...



10 agosto 2016, ADITAL Agência de Informação Frei Tito para América Latina http://site.adital.com.br (Brasil)

Roberto Malvezzi, Gogó*, Adital

Um Ministro do Supremo Tribunal Federal mandou um aviso para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): "preparem-se para dias difíceis”. O que será que ele sabe exatamente? Será que é para preparar o povo Brasileiro para o pior?

Mas, consumado esse golpe, o que pode vir de pior? A maioria das propostas já conhecemos: desmonte do SUS em favor da medicina privada; modificações draconianas para o povo na previdência social em favor da previdência privada; modificações dos tempos da revolução industrial na legislação trabalhista em favor do capital privado; entrega do Pré-Sal; desmonte da educação pública – inclusive universidades
– em favor da educação privada; entrega das terras públicas aos estrangeiros; repressão dos movimentos sociais; supressão de verbas para pesquisas científicas; crescimento da intolerância fascista; assim ao infinito.

As políticas sociais ficarão apenas como marketing, não mais com a proposta da inclusão social. Fim dos 15 anos do desenvolvimento da política de Convivência com o Semiárido.

O pior para o povo brasileiro será essa falta de perspectiva, de futuro. O Brasil volta a ser de poucos e com políticas para poucos. Verdade, com apoio de Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Cristovam Buarque, Marta Suplicy e outros que jurávamos democratas.

Com Dilma era difícil, pelas ambiguidades, pelo autoritarismo, pelo obreirismo e crescimentismo, mas havia contradições e, por elas, avançamos em alguma inclusão social, sobretudo aqui no Semiárido. Mas, agora o poder dominante tende a ser monolítico. As contradições internas do bloco que chega ao poder jamais porão em risco o projeto do Brasil farto para as oligarquias tradicionais que dominam esse país, embora tornem o Brasil menor para seu povo e perante as nações do mundo.

Há horizontes? Por hora nenhum, a não ser uma tormenta formada por nuvens escuras e carregadas. Mas, como dizia o grande místico João da Cruz em sua noite escura: "é por não saber por onde vou – e nem como - que eu vou”. Nós vamos.

*Roberto Malvezzi: Equipe CPP/CPT do São Francisco. Músico. Filósofo e Teólogo
robertomalvezzi@hotmail.com

---------

Brasil/Nota da Comissão Brasileira Justiça e Paz -- CBJP* sobre o Momento Atual

10 agosto 2016, ADITAL Agência de Informação Frei Tito para América Latina http://site.adital.com.br (Brasil)

Para onde vamos?

A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), frente à grave situação político-econômica brasileira, conclama ao diálogo e à busca de soluções democráticas que preservem as conquistas e os direitos do nosso povo.

Democracia é respeito à vontade do povo; as recentes pesquisas expressam com clareza a vontade dos brasileiros/as diante das perplexidades que afligem a nossa grande Nação.

O processo de impeachment contra a presidente democraticamente eleita foi instaurado com argumentos jurídicos que veem sendo refutados por técnicos do Senado Federal, por parecer do Ministério Público Federal (MPF) e especialistas internacionais em recente evento realizado no Rio de Janeiro (Tribunal Internacional pela Democracia no Brasil). Para onde vamos?

Estamos diante do conflito de dois projetos de sociedade: os que defendem a continuidade da Presidente eleita, superando o impeachment e os que defendem que o vice-presidente assuma de modo definitivo a direção do Brasil. O que incluem os dois projetos, para além das pessoas que se dispõem a assumi-los? Quais as prioridades na perspectiva da atenção à maioria da população, sobretudo os mais pobres?

O governo interino, assumido pelo vice e sua equipe, anuncia medidas, em várias esferas da vida da população, que apontam para o retrocesso nos direitos arduamente conquistados: educação, saúde, cultura, previdência social, direitos humanos, comunidade negra, populações indígenas, mulheres, a liberdade de expressão e de organização. Mais uma vez na história brasileira a conta da crise é depositada nos ombros dos mais necessitados, das maiorias desprotegidas.

Estamos vivendo momento de angústia e tristeza. Sentimo-nos em sintonia com o Papa Francisco que já tem manifestado preocupação com o processo político brasileiro. No entanto, a Esperança continua nos iluminando e nos levando à ação.

A Comissão Brasileira de Justiça e Paz tem se empenhado em dialogar com os movimentos sociais e os agentes públicos, principalmente os Senadores da República.

Sua conclusão é que o processo de impeachment em andamento não responde aos anseios mais profundos do povo brasileiro. No entanto, se empenha na construção de uma saída para a crise, negociada com todos os setores sociais, exigindo que sejam garantidos os direitos humanos e sociais da população, consciente do que nos diz a Palavra de Deus: "Deus ouviu os clamores do seu povo”.

Brasília, 09 de agosto de 2016

Carlos Alves Moura
Secretário Executivo
Comissão Brasileira de Justiça e Paz

*Comissão Brasileira Justiça e Paz: Relacionada com a Comissão Pontifícia Justiça e Paz – Roma. Organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CBJP a/c CNBB)

Nenhum comentário: