segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Moçambique/Esforço contra a transmissão vertical do HIV: Mais crianças nascem livres da contaminação


Estatísticas e testemunhos apresentados sábado, data em que se comemorou o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, indicam que no país estão a aumentar os serviços de Prevenção da Transmissão Vertical (PTV), e, simultaneamente, cresce o número de mães seropositivas que dão à luz crianças livres da doença.

 
3 dezembro 2012/Jornal Notícias (Moçambique)

O desafio da luta contra o HIV/SIDA ainda é enorme, mas exemplos de sucesso alcançados pelo Governo, organizações não-governamentais, sociedade civil e demais parceiros espelham um quadro esperançoso, considerou o Presidente Armando Guebuza.

O Chefe do Estado falava sábado, na Matola-Rio, província de Maputo, durante a passagem do Dia Contra SIDA, que este ano decorreu sob o lema “É Possível Acabar Com a Transmissão do HIV da Mãe Para o Filho”.

O enfoque deste ano relaciona-se com a necessidade de intensificar e acelerar a prevenção combinada, cuja essência é fazer convergir numa única orientação estratégica programas e intervenções, sendo de realçar a prevenção da transmissão vertical; o aconselhamento e testagem; o tratamento; a circuncisão masculina e a comunicação para a mudança social e de comportamento.

É assim que, na luta contra esta pandemia, o Governo tem estado a apetrechar as unidades sanitárias com serviços PTV em todo o país, tendo subido de 909 estabelecimentos em 2010, para 1063 no presente ano.

De acordo com os dados da PTV, no ano passado, 869.490 mulheres grávidas (79 por cento) das que foram à primeira consulta pré-natal receberam aconselhamento e testagem, enquanto 70.270 receberam anti-retrovirais para prevenir a transmissão vertical, o que corresponde a 69 por cento de todas as mulheres infectadas. Em relação às crianças expostas, 37.977 (64 por cento) receberam profilaxia anti-retroviral.

Um outro indicador de sucesso chega da província de Sofala em que um grupo de 39 mulheres seropositivas da Associação Kuphulumussana (isto é salvar um ao outro) recuperaram nas comunidades 4300 mulheres que haviam abandonado o tratamento anti-retroviral (TARV). Daquele universo, 1928 ficaram grávidas e tiveram bebés sem HIV.

De 2001 até ao momento estima-se que existam no país cerca de 200 mil crianças infectadas. Segundo Armando Guebuza, a cifra é elevada e chama atenção para que aumente a coordenação entre os diversos intervenientes de modo a eliminar aquela doença.

Perante canções e outras exibições evocativas desta causa, o Chefe do Estado disse que o país está a ultrapassar um dos grandes desafios que enfrentava, que era a moçambicanização das mensagens de luta contra a SIDA.

Porém, apelou à maior e melhor coordenação das actividades. Aliás, é tendo em conta esta realidade que, no ano passado, Moçambique assumiu a Iniciativa Global de Eliminação da Transmissão Vertical.

Nesta perspectiva, o país fez uma revisão das metas previamente estabelecidas em 2010, passando para redução para menos de cinco por cento de transmissão vertical até 2015 e cobertura de 90 por cento de profilaxia de anti-retrovirais para mulheres grávidas infectadas pelo HIV, 30 por cento de TARV para a mulher grávida.

De um modo geral, a prevalência do HIV/SIDA no país é estacionária nos últimos três anos. De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, dos 15 aos 49 anos de idade a prevalência é de 11,5 por cento, calculando-se que haja mais de 1,4 milhão de pessoas vivendo com a patologia. (Arsénio Manhice)

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