27 de Setembro de 2012/Rádio Moçambique http://www.rm.co.mz
Os delegados ao 10º Congresso da Frelimo
reunidos em Pemba, desde o passado domingo, pronunciaram-se a favor de um
partido onde perdure a unidade interna e se privilegie uma maior abertura e
dialogo, em ordem a fortificar aquela que é a formação política que sustenta o
Governo, desde a independência nacional, a 25 de Junho de 1975.
Grande parte dos intervenientes que usaram da
palavra, tanto nos debates sobre o Relatório do Comité Central, quanto sobre a
proposta de programa do partido, coincidiram na ideia de que a Frelimo está a
crescer e a assumir-se como uma forca aglutinadora, sendo por isso necessário
que reforce a sua coesão interna e continue a dirigir os destinos dos
moçambicanos por via do seu Executivo.
A este respeito, Graça Machel, viúva do
primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel, falou da
necessidade do partido se aproximar ainda mais ao povo, indicando também a
pertinência do resgate de alguns valores que no passado marcaram o
comportamento dos seus membros e simpatizantes.
Para tal, ela vai mais longe ainda desafiando
os seus pares a considerarem a proposta de aprovação de um plano quinquenal que
contribua para o aumento da identificação do povo com o partido, facto que
disse não estar a acontecer.
Por seu lado, o delegado Camilo Ibraimo, também
interveio corroborando com Graça Machel, e desejando que a Frelimo saísse do
encontro de Pemba muita mais coesa e reforçada tendo em conta os próximos
desafios eleitorais que se avizinham, nomeadamente, as eleições autárquicas de
2013 e as legislativas e presidenciais de 2014.
A este respeito, Tomaz Salomão, antigo membro
da Comissão Politica do partido no poder, chamou atenção para a necessidade da
Frelimo fazer uma introspecção sobre as razões que ditaram a sua derrota no
Município de Quelimane, na provincial da Zambézia, de modo a que cenários de
género não voltassem a ocorrer nos próximos pleitos para as municipais.
Todavia,
e interpelado pelo Noticias, Julião de Castro, combatente a luta de libertação
nacional, desdramatizou o facto de a oposição estar a dirigir alguns municípios
em províncias politicamente estratégicas, ao afirmar que “ a Frelimo é um
partido com uma forte capacidade de auto-superação e de se adaptar aos cenários
e realidades de momento. Estamos a reflectir sobre os erros que teremos
cometido e a capacitarmo-nos para reaver a presidência da Beira e
Quelimane”.
Apostar na agricultura
Um
outro histórico do partido, Sérgio Vieira, foi ao pódio manifestar o seu
desagrado pelas políticas que o país persegue no âmbito Agrícola.
Vieira chamou atenção para a necessidade do
Governo prestar uma maior atenção no apoio ao sector, afirmando que os
agricultores nacionais estão a ser penalizados em razão da concorrência
desigual a que estão sujeitos perante os seus pares sul-africanos.
“Os agricultores do Chókwè queixam-se de que
estão a produzir muito tomate mas que a sua produção não concorre no mercado
nacional, devido aos baixos preços praticados pelos agricultores sul-africanos
que inundam os mercados de Maputo”.
Para ele, o problema residente na cadeia de
valor, onde será preciso combinar várias acções, como disponibilidade de água,
energia, semente, as vias de acesso que facilitem a comercialização, o seguro
agrícola, uma banca voltada para a agricultura entre muitas outras que
estimulem os agricultores a aumentarem as suas áreas de cultivo e os seus
rendimentos por hectare.
A propósito, o Presidente da Associação dos
Produtores de Semente do Limpopo, Jaime Dimas, o qual explicou, em declarações
ao nosso Jornal, que “nós temos a batata, cuja semente é subsidia pelo Governo.
A partir dos meses de Setembro/Outubro até Novembro estarmos em colheita. É
nessa altura que nós gostaríamos que o Governo procurasse formas de reduzir a
importação desses produtos, de modo a podermos vender a produção nacional. É um
problema grave no sentido em que nós não conseguimos pagar os investimentos.
Devíamos vender a batata a dezoito meticais, mas chegamos a vendê-la a doze ou
mesmo dez meticais apenas, o que é um autêntico prejuízo”.
Explicou que muitos colegas seus estão em
contas com a banca na central de risco, em razão das elevadas dividas que
contraíram e que não estão agora em condições de liquidar devido o facto de
anualmente somarem prejuízos.
No seu programa apresentado ao Congresso, a
Frelimo reafirma que a agricultura é a base do desenvolvimento nacional e que
promoverá um sector agrário dinâmico, integrado, prospero, competitivo e
sustentável e que garante maior contribuição na economia do país através do
aumento da produção de sementes melhoradas para os produtores.
Promete
também melhorar a rede de infra-estruturas de estradas, de comunicações,
favorecendo o desenvolvimento de mercados e a comercialização agrária.
Corruptos
denigrem imagem da Frelimo
A
Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN) declarou
ontem, na cidade de Pemba, em Cabo Delgado, a necessidade fortificar e
agudizar a vigilância contra os infiltrados não só naquela agremiação,
como também a nível do partido Frelimo.
O secretario geral da agremiação, Fernando
Faustino, que lançou este aviso numa mensagem em saudação ao 10º
Congresso, explicou que a coesão interna impõe novos desafios a associação bem
como ao partido no poder, sustentando que “ nem todas as pessoas que
ostentam o cartão vermelho (cartão de membro da Frelimo) ”,
comungam os ideiais dos “camaradas” .
“Imbuídos de objectivos inconfessáveis, de
coisas estranhas, servem-se da Frelimo como trampolim para a satisfação dos
seus interesses egoístas, corruptos ambiciosos e oportunistas. Esses denigrem a
imagem do nosso partido a partir de dentro, fomentando o
tribalismo, regionalismo, racismo e outras formas de divisionismo e
descriminação”, denunciou.
Frontais e destemidos, os combatentes
denunciaram também a existência de “ infiltrados” no seio da Frelimo que recorrem
as mais variadas artimanhas, nomeadamente a mentira, confusão e a intriga
para enfraquecer a coesão interna. (Com jornalnoticias.co.mz)
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