domingo, 6 de dezembro de 2015

Brasil/TODOS CONTRA O GOLPE: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Governadores do Nordeste, Trabalhadores Rurais Sem Terra, Trabalhadores Sem Teto, Igrejas Cristãs do Brasil, Intelectuais, Estudantes, Movimentos Populares*

5 dezembro 2015, 4 dezembro 2015, Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br (Brasil)
*Título de Mercosul & CPLP + BRICS

Brasil/Sem-terra e sem-teto se posicionam contra impeachment e pedem cassação de Cunha

Entidades classificam decisão de Eduardo Cunha, de aceitar o pedido de impeachment, como chantagem e como uma forma de garantir seus interesses pessoais.

Diversos movimentos populares se posicionaram contrários à aceitação do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).

Os movimentos avaliam que Cunha tenta se livrar das acusações de corrupção contra ele na Comissão de Ética da Câmara e, para isso, utiliza o instrumento do impeachment para interesses próprios.

“Ao utilizar as atribuições de presidente da Câmara para garantir sua própria defesa nos processos que já deveriam ter significado sua cassação e prisão, este senhor desmoraliza o parlamento e as instituições democráticas”, afirmou, em nota, a Central dos Movimentos Populares (CMP).

 O aumento do conservadorismo na sociedade, caso um processo de impeachment seja levado à frente, é uma das preocupações apontadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
“As forças políticas que apoiam o impeachment são as mesmas que idolatram figuras como Cunha e Bolsonaro e pedem a volta da ditadura militar. Neste cenário, o impeachment significaria o fortalecimento da ofensiva conservadora e do caldo de intolerância que tem marcado a atuação destes setores”, diz a nota do movimento.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) manifestou sua defesa ao mandato de Dilma, mas exige que a presidenta assuma o programa que a elegeu nas últimas eleições.

“Salientamos a necessidade de
o governo Dilma assumir a pauta que a elegeu em 2014 e fazer um mandato que defenda a classe trabalhadora. Porém, não aceitamos nenhum tipo de golpe e vamos defender o mandato da Presidenta legitimado pelas urnas. Ao mesmo tempo, continuaremos lutando para combater a atual política econômica de viés neoliberal, implementada no segundo mandato da Presidenta Dilma, que penaliza a população brasileira, promove um retrocesso nos direitos trabalhistas, beneficia o capital rentista e sinaliza a entrega das nossas riquezas naturais à rapinagem do capital internacional”.

Os governadores dos nove estados do nordeste também se manifestaram contrários à decisão de Cunha. “A decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade. Diante desse panorama, os Governadores do Nordeste anunciam sua posição contrária ao impeachment nos termos apresentados, e estarão mobilizados para que a serenidade e o bom senso prevaleçam. Em vez de golpismos, o Brasil precisa de união, diálogo e de decisões capazes de retomar o crescimento econômico, com distribuição de renda”.

Abaixo, confira na íntegra a nota dos movimentos:

Nota do MST sobre o impeachment da presidenta Dilma
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem à público denunciar a tentativa de golpe institucional contra Presidenta da República, Dilma Rousseff, promovido pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) e reafirma seu compromisso em defesa da democracia e do respeito ao voto.

Repudiamos o comportamento do deputado Eduardo Cunha e afirmamos que ele é reflexo da aliança explícita entre a mídia empresarial, liderada pela Rede Globo, seguida por partidos políticos de direita. Logo, não tem legitimidade moral, ética ou política de propor o impedimento da presidência da república.

Todos os ataques aos direitos da classe trabalhadora, proferidos sob a Presidência de Eduardo Cunha na Câmara de Deputados, estão sendo respondidos com um grande FORA CUNHA! Portanto, seguiremos empunhando essa bandeira até que Cunha caia e seja provada a sua culpabilidade criminosa nos processos instaurados, sendo imediatamente preso.

Salientamos a necessidade de o Governo Dilma assumir a pauta que a elegeu em 2014 e fazer um mandato que defenda a classe trabalhadora. Porém, não aceitamos nenhum tipo de golpe e vamos defender o mandato da Presidenta legitimado pelas urnas. Ao mesmo tempo, continuaremos lutando para combater a atual política econômica de viés neoliberal, implementada no segundo mandato da Presidenta Dilma, que penaliza a população brasileira, promove um retrocesso nos direitos trabalhistas, beneficia o capital rentista e sinaliza a entrega das nossas riquezas naturais à rapinagem do capital internacional.

Acreditamos que as crises política, econômica, social e ambiental que vivemos nos dias de hoje, exigem profundas reformas estruturais que assegurem a consolidação e aprofundamento da democracia, promovam a distribuição da renda e riqueza produzida aqui e garantam a soberania do nosso país. 
Por isso, convocamos toda a militância e toda a classe trabalhadora para lutar pela cassação do mandato e prisão de Eduardo Cunha. Entendendo que, somente com as reformas estruturais podemos colocar Brasil em um novo patamar de democracia e justiça social.

Nota da Central de Movimentos Populares (CMP) 
CMP vai às ruas para garantir a democracia

A Central de Movimentos Populares – CMP – que agrega dezenas de entidades e milhares de lutadores e lutadoras do povo brasileiro, torna público seu repúdio à decisão do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, de acatar o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.

Não bastasse o caráter golpista do pedido, patrocinado pela oposição conservadora, por sua vez patrocinada por interesses econômicos e ideológicos, o ato do senhor Eduardo Cunha, baseado na chantagem e no revanchismo, envergonha o país.

Ao utilizar as atribuições de presidente da Câmara para garantir sua própria defesa nos processos que já deveriam ter significado sua cassação e prisão, este senhor desmoraliza o parlamento e as instituições democráticas.

Lavagem de dinheiro, contas ilegais na Suíça e nos EUA, cobrança e recebimento de propina, chantagem, coação de testemunhas, venda de emendas parlamentares, são alguns dos crimes atribuídos a Eduardo Cunha. Ao não votar a seu favor na comissão que apura a viabilidade de seu afastamento da presidência da Câmara e, consequentemente, para sua cassação, deputados deram um recado importante: não aceitarão as chantagens nem as propostas de “barganha política” com este criminoso. Apesar da certeza de que tal posicionamento geraria a atitude revanchista de Cunha, a CMP considera acertada e apoia a decisão destes parlamentares.
O pedido de impeachment da presidenta, democraticamente eleita, não tem amparo jurídico. Não há fato ou ato praticado por Dilma que justifiquem a abertura de tal processo.

Para além da vergonhosa atitude revanchista de um deputado manchado pela lama da corrupção e da impunidade, estão os verdadeiros interesses da apresentação do pedido. Interesses econômicos, patrocinados por aqueles que enxergam possibilidades de enriquecimento às custas das reservas naturais e do suor do povo brasileiro. Interesses ideológicos ultra-conservadores, patrocinados por aqueles que não aceitam as conquistas sociais registradas nos últimos anos.

A CMP convoca sua militância às ruas, à luta contra o retrocesso e o golpe! Defender o mandato da presidenta Dilma Rousseff significa defender as conquistas e os direitos do povo pobre, dos negros e negras, dos LGBTTs, das crianças e dos adolescentes, das mulheres, da classe trabalhadora!

Seremos intransigentes na defesa da democracia e do mandato popular da Presidenta Dilma, iremos para as ruas com toda a nossa força e disposição na defesa deste principio, na defesa dos direitos sociais, e por uma mudança imediata na política econômica, que garanta a retomada do rumo do crescimento.

Não vai ter golpe sem resistência popular!
A radicalização da democracia é a solução.
Constituinte, já, para a Reforma do Sistema Político.
Fora Cunha!

Nota do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto sobre abertura do processo de impeachment
Não à chantagem do impeachment! Fora Cunha!
O MTST vem a público manifestar repúdio à abertura do processo de Impeachment capitaneado por Eduardo Cunha. Algumas razões nos levam a essa decisão:

1- Eduardo Cunha representa o que há de mais atrasado na política brasileira. Sua agenda é antipopular e de retrocessos. Ao decidir pela abertura do impeachment, Cunha busca livrar o próprio pescoço com uma chantagem aberta. Além disso, as acusações e provas que pesam contra ele o desmoralizam por completo. Cunha não tem legitimidade sequer para seguir como deputado.

2- É importante pontuar que Dilma faz um governo indefensável, marcado por um ajuste fiscal que joga nas costas dos trabalhadores a conta da crise econômica. O MTST tem combatido esta política nas ruas, com grandes mobilizações durante todo o ano. Continuaremos neste combate intransigente contra o ataque a direitos e programas sociais. Mas a luta contra o ajuste não pode se confundir com iniciativas golpistas pela direita.

3- Se o impeachment for vitorioso, Michel Temer assume a presidência. Só quem não conhece Temer e sua trajetória pode acreditar em alguma melhora para os trabalhadores. Ao contrário, o programa de Temer é aprofundar ainda mais as medidas de austeridade e aplicar contrarreformas no país.

4- As forças políticas que apoiam o impeachment são as mesmas que idolatram figuras como Cunha e Bolsonaro e pedem a volta da ditadura militar. Neste cenário, o impeachment significaria o fortalecimento da ofensiva conservadora e do caldo de intolerância que tem marcado a atuação destes setores.

5- Por todas essas razões, continuaremos nas ruas e combateremos a chantagem do impeachment exigindo a queda de Cunha. Seu lugar é na cadeia, não decidindo os destinos do país.

Nota dos Governadores do Nordeste
"Diante da decisão do Presidente da Câmara dos Deputados de abrir processo de impeachment contra a Exma Presidenta da República, Dilma Roussef, os Governadores do Nordeste manifestam seu repúdio a essa absurda tentativa de jogar a Nação em tumultos derivados de um indesejado retrocesso institucional. Gerações lutaram para que tivéssemos plena democracia política, com eleições livres e periódicas, que devem ser respeitadas. O processo de impeachment, por sua excepcionalidade, depende da caracterização de crime de responsabilidade tipificado na Constituição, praticado dolosamente pelo Presidente da República. Isso inexiste no atual momento brasileiro. Na verdade, a decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade. Diante desse panorama, os Governadores do Nordeste anunciam sua posição contrária ao impeachment nos termos apresentados, e estarão mobilizados para que a serenidade e o bom senso prevaleçam. Em vez de golpismos, o Brasil precisa de união, diálogo e de decisões capazes de retomar o crescimento econômico, com distribuição de renda."

Robinson Farias (PSD – Rio Grande do Norte)
Flavio Dino (PCdoB – Maranhão)
Ricardo Coutinho (PSB – Paraíba)
Camilo Santana (PT – Ceará)
Rui Costa (PT – Bahia)
Paulo Câmara (PSB – Pernambuco)
Wellington Dias (PT – Piauí)
Jackson Barreto ( PMDB – Sergipe)
Renan Filho (PMDB – Alagoas)

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------------------- Relacionada


Brasil/Entidades se posicionam contra abertura do impeachment
4 dezembro 2015, Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br (Brasil)
"Embora o instrumento jurídico-político do impeachment faça parte da institucionalidade democrática existente no Brasil, causa perplexidade e preocupação a forma como ele foi aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados", diz Associação Brasileira de Ciência Política.
Da Redação*
Entidades estudantis, religiosas e de trabalhadores lançaram notas em defesa da democracia e contra a "tentativa de golpe" após o anúncio de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff (PT).
A Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), a Associação Brasileira de Ciência de Política (ABCP), o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), são exemplos dessas entidades que lançaram nota pela permanência do governo Dilma.
"A ala conservadora do Congresso, liderada pelo deputado ultrarreacionário Eduardo Cunha, vem trabalhando diuturnamente pelo impeachment da presidenta Dilma. O bloco conservador e reacionário conta ainda com poderosos reforços do oligopólio da mídia corporativa e do Poder Judiciário no intuito de inviabilizar o campo democrático e popular no governo. Não aceitaremos o impeachment! Não ao golpe!", diz a carta pública da ANPG.
A associação acredita ainda que a retirada da presidente do poder significaria um retrocesso para o país em todas as conquistas dos trabalhadores dos últimos 12 anos. Para os pós-graduandos, há um "confronto" no país entre dois projetos, o da continuidade de ciclo progressista e o do retorno ao Estado mínimo, que "prevê o extermínio das políticas sociais com pautas ultrarreacionárias".
Por outro lado, a ABCP se diz preocupada com a abertura do processo, pois "embora o instrumento jurídico-político do impeachment faça parte da institucionalidade democrática existente no Brasil, causa perplexidade e preocupação a forma como ele foi aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados".
Condenando a ação de Eduardo Cunha, a ABCP  a considera ilegítima, pois tinha a intenção de "resguardar seus interesses privados utilizando-se do mais importante instrumento de defesa da ordem democrática". O presidente da Câmara passa hoje por acusações de corrupção e ocultação de recursos no exterior e anunciou a abertura do processo de impeachment de Dilma após o PT apoiar o pedido de sua cassação.
"Vemos com muita preocupação que o presidente da Câmara tenha acolhido um pedido de impeachment com argumentos frágeis, ambíguos e sem a devida sustentação fática para acusação de crime de responsabilidade contra a presidente da república", dizem as igrejas cristãs, que considera que o momento atual "pede serenidade e profunda reflexão".
Lembrando o desastre de Mariana, para a Conia, o momento deveria ser de dedicação a todos que sofrem com os impactos ambientais e conclama os parlamentares para se direcionarem para o que considera de "crime ambiental".
O Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, por sua vez, lamenta receber essa notícia após realizar a maior marcha de catadoras e catadores no país. "O cenário de um futuro incerto e inseguro nos traz um novo desafio que obriga-nos a unirmo-nos em torno da defesa do nosso país, garantido que possamos continuar a desenvolver nossas pautas e avançar social e economicamente", diz.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), também criticou  o presidente da Câmara. Em sua nota, a CNBB questiona os motivos que levaram Cunha a aceitar o pedido de abertura do processo.
Com “imensa apreensão”, a comissão da CNBB afirma que a atitude de Cunha “carece de subsídios que regulem a matéria” e que a sociedade está sendo levada a crer que “há no contexto motivação de ordem estritamente embasada no exercício da política voltada para interesses contrários ao bem comum”. Para a CNBB, Cunha agiu por interesse pessoal.
*Com informações do Congresso em Foco


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