terça-feira, 9 de setembro de 2014

Brasil/DOIS PROJETOS ANTAGÔNICOS, SEM TERGIVERSAÇÃO



5 setembro 2014, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
 
Luciano Siqueira*

A disputa presidencial alcança fase nova com o movimento de placas tectônicas que coloca Dilma Rousseff e Marina Silva como principais concorrentes, enquanto o tucano Aécio Neves desce ladeira abaixo. Toma corpo, então, o confronto entre dois projetos antagônicos – ainda que a grande mídia e os arautos da oposição procurem obscurecer, reduzindo o embate às aparências, bem ao estilo da candidata da Rede, para quem o jogo de palavras se converte em pedra de toque do seu discurso.

O fato irrecusável, entretanto, está no programa apresentado pela oposicionista, passivo de análise sob muitos ângulos, destacadamente o compromisso com os banqueiros privados nacionais e estrangeiros em instaurar a tão sonhada (por eles) autonomia do Banco Central; a redução significativa de investimentos na exploração do petróleo e gás da camada do Pré-Sal (golpe direto no futuro mediato da infraestrutura, da educação e da saúde) e o realinhamento do País nas relações internacionais – este, fator de enfraquecimento do Brasil na cena mundial.

Na verdade, por estas e outras, e pelo comportamento errátil da candidata
da Rede, que procura se adequar a cada público como o líquido ao recipiente, a tática eleitoral mais adequada da oposição é justamente evitar o aprofundamento das diferenças.

Referências às conquistas sociais dos últimos doze anos, desde Lula e no governo Dilma, em comparação com a regressão do período FHC são recusadas como “coisa do passado”. O crescimento com inclusão social é desqualificado pelo desempenho recente do PIB e – pasmem! – pelos humores negativos do chamado “mercado”. Como se não tivesse valor o fato singular do Brasil transitar na atual crise sistêmica mundial com taxas de desemprego em torno de 5%, com valorização da renda média do trabalhador e com continuada expansão do mercado de consumo.

Dilma enfrenta condicionantes externos adversos à economia brasileira apostando em nossas próprias potencialidades. Compra a queda de braço com o setor rentista e defende o emprego e a produção. Aponta para mais investimentos estratégicos em infraestrutura, para alavancar a economia; e para a solução do financiamento da educação e da saúde, qualificando a inclusão social.

Marina, por seu turno, presa aos dogmas neoliberais que lhes são ministrados por Lara Rezende e Gianetti, experts em financeirização da economia, arrocho fiscal a todo custo e convivência fria com o desemprego, sinaliza claramente para a abordagem do chamado tripé macroeconômico - meta de inflação, câmbio flutuante e política de superávit fiscal – dentro dos rigorosos limites dos governos FHC. Entretanto, em sua fala, insiste em distinguir a política entre “bons” e “maus”, numa falsa visão maniqueísta do enfrentamento dos problemas da Nação. Ao mesmo tempo, proclama ojeriza aos partidos políticos, com os quais teria que se relacionar caso viesse a ser eleita.

Esse filme já passou em nosso País: Jânio Quadros e Fernando Collor diziam a mesma coisa. As consequências todos sabemos.

Daí, na atual fase da peleja eleitoral, cabe sim explicitar as diferenças antagônicas entre os dois projetos encarnados por Dilma e Marina. Para esclarecer aquele que decidirá a parada – o eleitor.

Luciano Siqueira https://www.facebook.com/lucianoPCdoB * blog www.lucianosiqueira.blogspot.com * twitter.com/lucianoPCdoB

* Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB
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PSDB: Partido da Social Democracia Brasileira, fundado em 1988. Esta organização direitista está muito ligada aos interesses dos Estados Unidos. O tucano figura no seu logotipo, o que dá nome aos seus membros.

FHC: Fernando Henrique Cardoso teve a sua eleição financiada pela CIA. Durante os seus mandatos – de  1995 a 1998 e de 1999 a 2002 --, aplicou uma forte política de privatização de empresas a favor do capital estrangeiro, em particular o norte-americano. Um dos vários escândalos verificados na sua gestão foi a venda, para uma empresa dos Estados Unidos, de um satélite que tambem era utilizado para fins militares. O seu governo depois o alugou na mesma empresa gringa, que assim passou a controlar o fluxo de informação do Brasil, inclusive as relacionadas com a segurança nacional.

Privatizações
Apoiado por políticos direitistas, Fernando Henrique promoveu várias emendas à Constituição para facilitar a entrada de empresas estrangeiras no Brasil e implantar o seu programa de privatizações.
 
Resumo das privatizações feitas pelo seu governo
1.      Acabou com o monopólio estatal do petróleo no Brasil. Em consequência de uma grande mobilização popular, este monopólio tinha sido estabelecido em 1953, pelo Congresso Nacional, com a aprovação da Lei Nº 2004, que tambem criou a Petrobrás.
2.      Privatizou a Rede Ferroviária Federal, o que jogou no desemprego milhares de funcionários e trabalhadores, provocando ainda a extinção do transporte de passageiros. 
3.      Privatizou a maioria dos bancos estaduais, as telecomunicações – incluindo satélite de também uso militar -- e a companhia Vale do Rio Doce, hoje com valor de mercado calculado em 127 bilhões de dólares. Esta privatização foi denunciada pelo senador Pedro Simon como uma "doação da empresa pública a um grupo privado".
4.      Terceirizou serviços e empregos públicos.
5.      Promoveu a privatização da educação superior com a abertura linhas de crédito para expandir o investimento privado neste sector.

Sobre a Era das Privatizações, o repórter Amaury Ribeiro Jr. Afirman, no livro A Privataria Tucana, publicado em 2011, que foi uma "verdadeira pirataria praticada com o dinheiro público em benefício de fortunas privadas, por meio das chamadas 'offshores', empresas de fachada do Caribe…". Este programa antinacional de Fernando Henrique Cardoso foi executado por José Serra, na altura seu ministro do Planejamento.

Jânio Quadros: Eleito em 31 de janeiro de 1961, renunciou no dia 25 de agosto do mesmo ano.

Fernando Collor: Eleito em15 de março de 1990. Foi posteriormente acusado, na Câmara dos Deputados, de estar envolvido em um grande esquema de corrupção. No dia 2 de outubro de 1992, tornou-se no primeiro presidente do Brasil que, eleito pelo voto popular, viu-se obrigado a renunciar ao cargo.

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