segunda-feira, 2 de abril de 2012

AMÉRICA LATINA APOIA ARGENTINA SOBRE MALVINAS; BRASIL LIDERA

2 abril de 2012/Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

A América Latina, mais unida que há trinta anos, quando explodiu a guerra das Malvinas sob domínio britânico, se uniu à Argentina em sua reivindicação de soberania e ressuscita, com o Brasil na liderança, uma iniciativa para controlar o Atlântico Sul.

Os países latino-americanos apoiaram de forma unânime a Argentina, rejeitaram a presença militar britânica na região e pretendem corroborar esta posição na Cúpula das Américas de Cartagena em abril, como informou nesta semana a chanceler colombiana, María Ángela Holguín.

O chanceler brasileiro, Antônio Patriota, deixou claro para seu homólogo britânico William Gague em Brasília no início do ano: o Brasil e a região “apoiam a soberania argentina sobre as Malvinas e as resoluções da ONU que pedem os governos argentino e britânico para dialogarem sobre este tema”.

Patriota informou ainda que o Brasil colabora com o Uruguai para convocar uma reunião da “Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul”, com países sul-americanos e africanos banhados pelo oceano.

“Há um interesse de Brasil, Argentina e Uruguai de criar uma área de segurança do Atlântico Sul. Há décadas isto estava na agenda”, afirma o professor da Universidade Estadual Paulista, Tullo Vigevani.

Petróleo
Mas agora este interesse é mais diligente, depois que o Brasil descobriu gigantescas reservas petroleiras em alto mar, em frente a sua costa.

“O Atlântico Sul é extremamente importante para todos os países de ambos os lados do oceano. A geologia desta região é um espelho, o que há do lado sul-americano, existirá do sul-africano, e já estão sendo descobertas grandes reservas petroleiras na costa africana, além da riqueza do oceano, como a pesca”, afirma Alberto Pfeifer, do Grupo de Análises de Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo

O potencial petrolífero das Malvinas foi peça-chave no recente atrito entre Argentina e Grã-Bretanha, uma vez que empresas uma vez que empresas britânicas iniciaram prospecções em 2010, embora com um resultado aparentemente limitado.

Militarização
O recente envio à região de uma fragata britânica e do príncipe William em uma manobra militar alimentou esta tensão e levou a Argentina à ONU para acusar Londres de militarizar o Atlântico Sul.

Em meio a este aumento de tensões e para além da retórica, os países do Mercosul e associados se comprometeram em dezembro a proibir a entrada em seus portos de barcos com bandeira das Malvinas. Por sua vez, o Peru acaba de cancelar a visita de uma fragata britânica, e o presidente equatoriano, Rafael Correa, chegou a propor a adoção de sanções contra o Reino Unido.

A guerra e as ditaduras
Este apoio não foi tão aberto nem homogêneo 30 anos atrás, em plena Guerra Fria, quando boa parte da região estava sob ditaduras convencidas de que o inimigo era o país vizinho, afirma o professor de Relações Internacionais das universidades Nacional do Centro e de Buenos Aires, Raúl Bernal-Meza. “Existia uma hipótese de conflito entre muitos países.”

A ditadura chilena de Augusto Pinochet prestou colaboração velada à Grã-Bretanha e o único país que forneceu uma ajuda concreta à Argentina foi o Peru, que enviou armas e aviões Mirage (o que não é reconhecido oficialmente).

Hoje os países latino-americanos dependem menos de Europa e Estados Unidos e mais de si mesmos, ao mesmo tempo em que mostram uma vontade maior de manter uma identidade comum.

“A existência da Unasul (União Sul-Americana de Nações) deu mais coesão à posição de solidariedade com a Argentina porque é muito mais fácil obter acordos e consensos”, afirma Ernesto Velit Granda, catedrático peruano de Relações Internacionais.

Para o cientista político da Universidade do Chile, Ricardo Israel, “é difícil que o apoio latino-americano passe de um gesto simbólico”, entre outros, porque “não haverá uma nova guerra; a Argentina não tem as mínimas condições militares”.

Não haverá medidas restritivas ao comércio, nem ao transporte com as Malvinas, como deixaram claro o Chile, que tem uma comunidade nas ilhas que chega a 10% da população e opera, através da LAN, o único voo comercial semanal, assim como o Uruguai, que aumentou o comércio com elas nos últimos anos.

Histórico
No dia 2 de abril de 1982, a ditadura militar argentina invadiu as ilhas tomadas pela Grã-Bretanha em 1833. As tropas argentinas se renderam após 74 dias de conflito, que terminou com 649 argentinos mortos e 255 britânicos, selando também o destino da ditadura argentina, que caiu no ano seguinte.

A Grã-Bretanha se mantém irredutível em sua defesa “do princípio de autodeterminação” dos habitantes das Falklands, nome oficial da Grã-Bretanha para o arquipélago, grande como o Líbano e com 3.000 habitantes, localizado a 650 km da costa da Patagônia argentina. (Fonte: France Press)

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Malvinas: prêmios Nobel apoiam Argentina; entenda o conflito

27 março 2012/Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

Nesta terça-feira (26), seis prêmios Nobel da Paz divulgaram um manifesto endereçado ao primeiro-ministro David Cameron em apoio à presidente argentina Cristina Kirchner. O texto pede o prosseguimento das negociações recomendadas pelo Comitê Especial para encontrar uma solução pacífica para a disputa pela soberania das Ilhas Malvinas.

Assinam o texto os Prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel (Argentina), Mairead Corrigan Maguire (Irlanda do Norte), Rigoberta Menchu Tum (Guatemala), Desmond Tutu (África do Sul), Jody Williams (Estados Unidos) e Shirin Ebadi (Irã)

Na próxima segunda-feira (2/04), o desembarque das tropas argentinas nas ilhas Malvinas completa 30 anos. Até a data, o Vermelho publicará uma série de textos e reportagens sobre o episódio.

As Falklands, como as chamam os ingleses, são uma causa de todos os argentinos e sua soberania têm sido reivindicada pela presidente Cristina Kirchner sistematicamente em fóruns internacionais. O Brasil apoia o país sul-americano.
Distintas estâncias da comunidade internacional, organismos internacionais, organismos multilaterais e fóruns internacionais tem reiterado o pedido de diálogo, tais como a Organização de Estados Americanos (OEA), o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Associação Latina Americana de Integração (Aladi), a União Sul-Americana de Nações (Unasul), o Sistema de Integração Centro-americana (Sica), Comunidade sul-americana de Nações, Grupo do Rio, Aliança Boliviana para os povos da nossa América (Alba), Comunidade de Estados Latino americanos e do Caribe (Celac), declarações das Cúpulas Ibero americanas, Cúpulas sul-americanas, primeira Cúpula Energética sul-americana, Cúpulas de Países da America Latina e do Caribe (CALC), II Cúpula America do Sul – África, Cúpulas de Países sul-americanos e Países Árabes, grupo dos 77 e China entre outros.

Assinam o texto os Prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel (Argentina), Mairead Corrigan Maguire (Irlanda do Norte), Rigoberta Menchu Tum (Guatemala), Desmond Tutu (África do Sul), Jody Williams (Estados Unidos) e Shirin Ebadi (Irã). Novas adesões deverão ser enviadas para os e-mails granosdesalpormalvinas@gmail.com ou grainofsaltformalvinas@gmail.com.br. Confira a íntegra do manifesto
aqui.

Histórico
Em meados de 1980, o modelo econômico neoliberal imposto a sangue e fogo pelo autodenominado Processo de Reorganização Nacional, durante a ditadura argentina, deu mostras de esgotamento, o que provocou numerosas tensões sociais: 90% de inflação anual, recessão profunda, interrupção de boa parte da atividade econômica, generalização do IVA (Imposto ao consumo), empobrecimento das classes médias, brusco aumento do endividamento externo das empresas e do Estado, salário real cada vez mais depreciado, aumento da pobreza, etc.

A substituição do chefe da primeira Junta, Jorge Rafael Videla, pelo general Roberto Viola e, este pelo general Leopoldo Galtieri, foi uma conseqüencia dessa crise. A consequente decisão de tentar recuperar as Malvinas foi tomada, entre outras razões, tanto para conseguir desviar a atenção social desses problemas, como pela possibilidade de recuperar o crédito perdido entre determinados setores sociais. As Malvinas estavam em poder dos britânicos há mais de cem anos.

A reivindicação da soberania sobre o território chamado pelos ingleses de Falklands é cara ao povo, com uma importante legalidade diplomática em favor da Argentina nos organismos internacionais, mas sempre foi aconselhada ao país sul-americano a reivindicação pela via diplomática.

O descobrimento das ilhas é motivo de controvérsias. O território foi ocupado alternadamente entre Espanha, França, Argentina e Reino Unido. O país latino reivindica, no entanto, que as ilhas estão ocupadas por uma potência invasora, já que elas formam parte da Terra do Fogo, Antártida e ilhas do Atlântico Sul.

A Guerra
A Guerra das Malvinas teve início na madrugada do dia 2 de abril de 1982, quando as tropas argentinas que integravam o Operativo Rosario recuperaram pela força seus direitos soberanos sobre as ilhas Malvinas, Georgias do Sul, Sandwich do Sul e Ilhas do Atlântico Sul e tomaram o controle do Porto Argentino (ou Porto Stanley, como chamam os britânicos), capital do arquipélogo.

O governo de Margareth Thatcher preparou então uma ofensiva naval para recuperar as ilhas. O governo estadunidense se colocou ao lado dos ingleses. A manobra valeu à Inglaterra o apoio logístico e de inteligência auxiliar dos Estados Unidos. Os países europeus também apoiaram o Reino Unido e impuseram como sanção um embargo comercial à Argentina. Por outro lado, os países da América Latina e do Terceiro Mundo em geral apoiaram a Argentina.

Fim da ditadura
As forças britânicas chegaram às ilhas em 1º de maio, quando começaram os bombardeios. No fim do mesmo mês, os ingleses desembarcaram nas ilhas e ocorreram vários enfrentamentos violentos. Em 14 de junho a guerra acabou com a rendição incondicional das tropas argentinas. Para o país americano, o saldo foi de quase 700 mortos e 1.300 feridos.

O episódio desgastou o governo militar a ponto de torná-lo insustentável. Pouco depois do conflito, o exército tirou Galtiere da presidência e designou para o seu lugar o general Reynaldo Benito Bignone, com a missão de liquidar o regime e preparar o terreno para convocar as eleições. Por outro lado, a vitória ajudou o governo conservador de Thatcher que foi reeleita em 1983. (Da Redação, com informações do site Lujan Hoy, Vanessa Silva)


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