quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Vitória da Swapo garante aprofundamento das relações com Angola

4 de Dezembro, 2014, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Belarmino Van-Dúnem

As eleições presidenciais e legislativas realizadas no dia 28 Novembro 2014 na Namíbia ditaram a vitória da SWAPO  e do seu candidato às presidenciais Hage Geingob.

A SWAPO obteve a maioria de dois terços dos votos válidos, em segundo lugar ficou o partido Democratic Turnhalle Alliance com 4.8 por cento dos votos.

O partido Rally for Progress and Democracy que em 2009 obteve11 por cento dos votos, destacando-se como maior partido da oposição, caiu para o terceiro lugar na votação de sexta-feira última, tendo obtido apenas três por cento dos votos válidos.

Na votação deste ano, a Comissão Eleitoral da Namíbia introduziu o voto electrónico. As organizações internacionais que enviaram observadores consideraram que o processo eleitoral foi justo e livre, mas os partidos da oposição
afirmaram que o novo método de votação levou à anulação de mais de mil votos.

A vitória de SWAPO dá uma indicação de que o povo namibiano prefere a continuidade do trabalho que aquele partido vem desenvolvendo desde 1990, ano em que decorreram as primeiras eleições gerais naquele país.

É necessário frisar que a SWAPO é o movimento que mais se bateu e sobressaiu na luta anti-apartheid. Durante os 24 anos no poder, o partido apostou na educação primária, na melhoria e expansão das infra-estruturas e nos caminhos-de-ferro. O Presidente eleito, Hage Geingob, teve como bandeira de campanha a promessa de construir 185.000 casas nos próximos 18 anos. A Namíbia enfrenta problemas de escassez de habitação sobretudo na capital, Windhoek.

A Namíbia é um país e rico em minérios. Produz de diamantes, ouro, chumbo, cobre e é um dos principais produtores de urânio do mundo. Destaca-se também a indústria transformadora, a agricultura, a pecuária e a pesca. O comércio e o turismo também têm uma percentagem significativa no PIB namibiano.

A Namíbia partilha uma longa fronteira terrestre, fluvial e marítima com Angola, mas a relação entre os dois países é social, cultural e política. Para além das trocas comerciais, existem ao longo da fronteira pessoas da mesma família com uma e outra nacionalidade.
Existe um acordo de livre circulação limitada ao longo da fronteira e um acordo de isenção de vistos nos passaportes, há entre os dois países um grande potencial energético.

A relação entre Angola e a Namíbia tem uma amplitude histórica que marcou os destinos da África Austral, mas também da geopolítica mundial. O povo angolano consentiu vários sacrifícios para que o povo namibiano alcançasse a independência.

No mês de Maio de 1980, o Presidente José Eduardo dos Santos, no discurso alusivo ao dia internacional do trabalhador afirmava o seguinte: “Pensamos que estão hoje reunidas as condições favoráveis para que África do Sul desista das suas posições de intransigência e obstinação, e encontre no Plano das Nações Unidas – a Resolução 435- uma base válida para a solução negociada da questão namibiana. Angola está consciente do seu papel, do papel que lhe cabe na África Austral, e não será factor desestabilizante de qualquer harmonia, não lesiva dos seus interesses, que se estabeleça entre os Estados soberanos da região e a África do Sul.

Apesar dos sacrifícios que consentimos, nós continuaremos a dar o nosso apoio ao povo namibiano e à SWAPO, para que sejam respeitados os direitos deste povo à soberania, a liberdade e a independência total e completa”.

A determinação de Angola levou ao Acordo Tripartido de Nova Iorque subscrito entre Angola, Cuba e a África do Sul. A assinatura desse acordo constitui o prelúdio da independência da Namíbia e do fim do regime do apartheid na África do Sul. Esta nova  vitória eleitoral da SWAPO garante a continuidade e o aprofundamento das relações existente entre os dois Estados.

O Presidente eleito, Hage Geingob, é um dos ilustres militantes da SWAPO, tendo desempenhado vários cargos ministeriais: foi Primeiro-ministro do primeiro governo da Namíbia independente entre 1990 a 2002. Em 2007 assumiu a vice-presidência do partido SWAPO, entre 2007 e 2012 foi ministro do Comércio e da Indústria. Desde 2012 até à data das últimas eleições presidenciais e legislativas retomou a pasta de primeiro-ministro.

Ostenta um mestrado em Relações Internacionais pela Faculdade de New School de Nova Iorque e um Doutoramento pela Universidade Lees do Reino Unido. Portanto, estamos perante um presidente cujo currículo abre boas expectativas.


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