segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Angola/Feira do Livro da CPLP encerra hoje as portas



30 novembro 2013, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Isaquiel Cori

Hoje é o último dia da I Feira do Livro da CPLP que, desde o passado dia 22, está a proporcionar aos luandenses a oportunidade de aquisição de mais livros para as suas estantes domésticas e de contacto directo com autores dos países representados.

Aliás, todas as classes profissionais envolvidas no circuito de criação, produção, distribuição e conservação do livro tiveram a possibilidade de interagir com os seus pares da CPLP.

O balanço oficial ainda está para ser feito, mas alguns participantes,
contacta pelo Jornal de Angola, não escondem a satisfação pela forma como o evento decorreu. Se, por um lado, as editoras, enquanto empresas, se mostram, na generalidade, optimistas relativamente ao alcance dos seus objectivos comerciais, as representações oficiais dos vários países preferem sublinhar os ganhos proporcionados pelo intercâmbio cultural.

“Viemos para nos promover, conhecer pessoas e ter experiências. Mas, sobretudo, viemos para alcançar o nosso potencial de vendas e a procura de parcerias”, refere João Frazão, representante da Associação Académica da Universidade de Lisboa. “Somos uma associação estudantil com uma parte empresarial e trouxemos mais de 30 títulos das áreas do Direito, Economia e Ciência Política, a maioria de autoria de professores da nossa Universidade”.

Francisco Pereira, da Livraria Histórica e Ultramarina, especializada em expansão portuguesa, descobrimentos, colonização, descolonização, antropologia e cultura dos povos lusófonos, é um homem visivelmente contente: “Angola é um mercado que tem interesse para nós, sente-se aqui uma grande sede de conhecimento. Mesmo em Lisboa somos visitados por muitos angolanos ligados às áreas da Cultura e da Política”.
 
Diógenes Cardoso, director da Biblioteca Nacional da Guiné-Bissau, valoriza o ganho de experiência e o intercâmbio cultural, mas lamenta a fraca produção livreira do seu país. “Ainda temos muita coisa a fazer em prol do livro e da leitura pública. Temos papelarias que tentam desempenhar funções de livraria e não o conseguem e há também o facto de os autores produzirem muito, mas haver pouca edição, porque só temos duas editoras”.

O espaço de Cabo Verde, que apresenta um cuidadoso e primoroso acervo ilustrativo do desempenho das várias gerações literárias e da história cultural, dá aos visitantes um “bónus”: a possibilidade de adquirirem os CD de música clássica e de cantores novíssimos do país. “Trouxemos com os livros e os discos a literatura, a música e a cultura de Cabo Verde”, diz Maria Isabel Andrade, da Biblioteca Nacional do país de Amílcar Cabral.
“As pessoas vêm aqui e perguntam, querem saber mais sobre os escritores de Cabo Verde. Temos livros de Teixeira de Sousa, dos autores da Claridade, Germano Almeida, Mário Lúcio de Sousa, Filinto Elísio, José Lopes e outros”.

Merecedores de nota à parte são os livros de e sobre Amílcar Cabral, que, segundo Maria Isabel Andrade, estão a ser dos que mais suscitam a atenção dos visitantes, com realce para “O fazedor de utopias - Uma biografia de Amílcar Cabral”, do angolano António Tomás, com chancela da Spleen Edições. “O nosso objectivo ao vir era o de ter maior aproximação com Angola e os outros países da CPLP e é o que está a acontecer”, afirma a representante de Cabo Verde. A moçambicana Vera Vieira, que chefia a representação do Secretariado Executivo da CPLP na feira, salienta a “grande afluência de público” e a curiosidade das pessoas em “querer saber mais sobre o que a CPLP faz e as áreas em que trabalha”.

Sobre a próxima edição da Feira do Livro da CPLP, e a sua periodicidade, diz que “ainda nada está definido”, havendo, entretanto, a possibilidade de se esclarecer alguma coisa a esse respeito na reunião dos Pontos Focais da organização, a ter lugar nos dias 9 e 10 de Dezembro, em Lisboa. “Pelas conversas com editores e livreiros aqui presentes a opinião dominante é que o evento seja bienal, para que haja sempre títulos novos”.
 

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