sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

MODELO DE FINANCIAMENTO CHINÊS EM ÁFRICA OLHADO COMO EXEMPLO NO BRASIL

19 janeiro 2015, Macahub http://www.macauhub.com.mo (China)

O Brasil pretende expandir as suas exportações para África além dos países de língua portuguesa, onde já está bem implantado, mas precisa de um modelo de financiamento mais atractivo, um pouco à semelhança do da China, de acordo com um estudo brasileiro recente.

No estudo “A Indústria de Defesa e as Relações Brasil-África: Sucessos e Desafios”, recentemente publicado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), três investigadores sublinham que, de acordo com dados oficiais, o peso de África na balança comercial brasileira “ainda é modesto” e o crescimento registado nos últimos anos não é “estável.”

“Destacam-se vários desafios para um crescimento expressivo do sector: a concorrência
vinda de outros países, a escassez, em alguns casos, de financiamento adequado para a exportação e limitações financeiras, técnicas e de governação do caso africano”, afirmam os investigadores Keith Martin, Beatriz Martins Carreta e Rafaella Yumi Terrano.

“É do conhecimento geral que as empresas brasileiras de vários sectores – inclusive de defesa – perderam vendas na África por falta de financiamento competitivo”, adiantam.

O exemplo de sucesso para que apontam é o da China, que oferece soluções atractivas em que “as empresas, geralmente estatais ou ligadas intimamente ao governo, apresentan-se com um pacote de financiamento já montado.”

“É fundamental o governo do Brasil, particularmente através do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), fortalecer a sua capacidade de oferecer aos governos africanos soluções de financiamento que sejam competitivas”, sublinham.

Segundo cálculos recentes, os empréstimos da China a Angola desde 2002 atingem 14,5 mil milhões de dólares, para financiamento de projectos de reconstrução do país, normalmente executados por empresas chinesas, com custos e prazos de execução competitivos.

Estudos anteriores apontam às linhas de financiamento para Angola abertas desde 2006 pelo BNDES um valor próximo de 6,4 mil milhões de reais (2,4 mil milhões de dólares, ao câmbio actual).

Entre os principais beneficiários destacam-se a Odebrecht (49% do total das linhas), conglomerado que é considerado o maior empregador privado no mercado angolano e a Andrade Gutierrez (cerca de 20%).

Actualmente, entre os principais destinos de exportação brasileiros em África estão Angola e Moçambique, países com os quais o Brasil já assinou acordos de cooperação bilateral, mas também outros no Magrebe e da África a sul do Saara como a Nigéria ou Gana. (Macauhub/BR)

    

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