25 Junho 2019, Amnistia Internacional PT https://www.amnistia.pt (Portugal) https://www.amnistia.pt/desconstruir-mitos-sobre-refugiados/
A desinformação e o desconhecimento alimentam a retórica contra os refugiados nas redes sociais. Fala-se em invasão da Europa, do mero aproveitamento dos benefícios estatais oferecidos ou da fuga como ato inconsciente com o objetivo de roubar os nossos empregos.
No Dia Mundial do Refugiado, damos a conhecer a verdade
por detrás da mentira.
Contra factos não há argumentos. Ou melhor, mitos infundados.
Mito 1.
OS REFUGIADOS ESTÃO TODOS A FUGIR PARA A EUROPA!
OS REFUGIADOS ESTÃO TODOS A FUGIR PARA A EUROPA!
FACTO: A maioria dos refugiados foge para
países vizinhos. Os que mais acolhem refugiados são a Turquia (3,7 milhões), o
Paquistão (1,4 milhões), o Uganda (1,2 milhões), o Sudão (1,1 milhões) e a
Alemanha* (1,1 milhões).
Os países considerados desenvolvidos
acolhem apenas 16% dos refugiados.
(Ver quadro no original)
Mito 2.
NÃO É URGENTE. A CRISE JÁ PASSOU!
NÃO É URGENTE. A CRISE JÁ PASSOU!
FACTO: A população refugiada sob a proteção
do ACNUR praticamente duplicou desde 2012 e a tendência tem sido para o aumento
destes números.
Registavam-se em junho de 2019:
·
70,8
milhões de deslocados;
·
25,9
milhões de refugiados (incluindo 5,5 milhões de palestinianos refugiados);
·
20,4
milhões de refugiados sob a proteção do ACNUR;
·
3,5
milhões de requerentes de asilo;
·
41,3
milhões de deslocados internos;
·
2,9
milhões de pessoas retornados aos seus países de origem;
·
138.600
crianças sem acompanhamento ou separadas das suas famílias;
·
Quase
metade dos refugiados são menores de 18 anos;
·
37 mil
novos deslocados a cada dia de 2018;
67% dos refugiados são originários de
5 países:
·
6,7
milhões da Síria;
·
2,7
milhões do Afeganistão;
·
2,3
milhões do Sudão do Sul;
·
1,1
milhão do Myanmar;
·
Quase 1
milhão da Somália.
(Números do ACNUR de junho de 2019 – https://www.unhcr.org/globaltrends2018/)
© UNHCR/E. Hockstein
Mito 3.
JÁ HÁ TANTOS EM PORTUGAL!
JÁ HÁ TANTOS EM PORTUGAL!
FACTO: No quadro do programa de
recolocação e reinstalação do governo, que terminou em março de
2018, Portugal acolheu (de dezembro de 2015 a março de 2018) 1552
refugiados, distribuídos por 99 municípios. No entanto, 768
abandonaram o país e apenas 79 voltaram a Portugal. Ou seja, 45% dos refugiados
que foram acolhidos já não se encontram no nosso território.
FACTO: Os refugiados ao abrigo do programa
de recolocação e reinstalação têm apoio de instituições que recebem,
maioritariamente, financiamento europeu. Cada refugiado adulto recebe 150 euros
por mês. Este programa de
apoio do governo dura 18 meses, findos os quais os refugiados devem
tornar-se autónomos e sem precisar de qualquer apoio do governo, o que
aconteceu em 42% dos casos, em 2018.
No final de 2018, 48% dos refugiados
já estavam integrados em formação profissional, ensino superior ou emprego.
Todos os estudos indicam benefícios económicos
para os países de acolhimento: verifica-se um aumento das receitas fiscais
líquidas, sobretudo quando os refugiados optam por ficar a residir no país de
acolhimento, que compensa os gastos públicos aplicados no ano da chegada.
Mito 5.
A EUROPA DEVE REFORÇAR AS SUAS FRONTEIRAS PARA EVITAR A IMIGRAÇÃO E AS MORTES!
A EUROPA DEVE REFORÇAR AS SUAS FRONTEIRAS PARA EVITAR A IMIGRAÇÃO E AS MORTES!
FACTO: Não está provado que a construção de
muros e diminuição de meios de busca e salvamento contribuam para impedir a
entrada de pessoas.
Não é a existência de operações de
busca e salvamento no mar que atrai mais pessoas. Pelo contrário, chegaram mais
pessoas à Europa e registaram-se mais mortes nas alturas em que os programas de
busca e salvamento tinham menos meios à sua disposição, documentaram
académicos europeus.
Mito 6.
OS REFUGIADOS FAZEM VIAGENS PERIGOSAS POR ESCOLHA PRÓPRIA E/OU POR INCONSCIÊNCIA!
OS REFUGIADOS FAZEM VIAGENS PERIGOSAS POR ESCOLHA PRÓPRIA E/OU POR INCONSCIÊNCIA!
FACTO: Os refugiados fogem do terror, da
miséria e de guerras. Ninguém colocaria a sua vida e a da sua família em risco
se não fosse impossível ficar nos locais de onde fogem, especialmente sabendo o
que poderão enfrentar na viagem:
·
Travessias
marítimas ou terrestres extremamente difíceis com risco de morte;
·
Espancamentos,
maus tratos, violações e assassinatos perpetrados por traficantes (a quem têm
de pagar somas avultadas) e por algumas autoridades;
·
Permanências
longas (muitas das vezes duram anos) em campos sobrelotados, sem condições de
acolhimento dignas (abrigos em tendas durante o Inverno, escassas condições de
saneamento, de acesso a alimentação e cuidados de saúde, agressões e
violações);
·
Condições
de acolhimento e integração nem sempre adequadas, com pouco dinheiro para
usarem no quotidiano, barreiras linguísticas e culturais, burocracias a nível
da documentação, falta de reconhecimento das qualificações (o que dificulta o
emprego);
·
Discriminação
e xenofobia em alguns países de acolhimento que degeneram em ameaças e ofensas
(muitas das vezes graves) físicas e psicológicas
Muitos destes desafios e obstáculos
acabam por incentivar muitos refugiados e requerentes de asilo a abandonarem o
país de acolhimento.
Em 2019, 559 pessoas tinham perdido a
vida no Mediterrâneo ou estavam desaparecidas.
Mito 7.
NÃO QUERO APOIAR A INTEGRAÇÃO DE REFUGIADOS PORQUE ASSIM AS PESSOAS MAIS NECESSITADAS EM PORTUGAL FICARÃO SEM AJUDA!
NÃO QUERO APOIAR A INTEGRAÇÃO DE REFUGIADOS PORQUE ASSIM AS PESSOAS MAIS NECESSITADAS EM PORTUGAL FICARÃO SEM AJUDA!
FACTO: Muitas das associações que
prontamente se disponibilizaram para apoiar a chegada de refugiados são as
mesmas que já ajudam outros grupos vulneráveis da sociedade portuguesa. Os
fundos canalizados para esses fins não são divididos ou substituídos por outros
destinados a outras necessidades. Na verdade, vêm de outras fontes de
financiamento, especialmente da União Europeia.
Na solidariedade não existe
competitividade.
Mito 8.
DE QUALQUER FORMA, NÃO POSSO FAZER NADA!
DE QUALQUER FORMA, NÃO POSSO FAZER NADA!
FACTO: De facto, pode fazer alguma
coisa:
·
Assine
e partilhe as nossas petições, especialmente o nosso Manifesto https://www.amnistia.pt/peticao/eu-acolho/
·
Participe
na nossa ação Love not Walls, através da qual pretendemos ultrapassar o número
de quilómetros do muro que está a ser construído entre os EUA e o México, em https://lovenotwalls.amnistia.pt
Mantenha-se Informado
connosco
* Por lapso, os dados da Alemanha não foram incluídos na primeira publicação.
Atualização efetuada no dia 25 de junho de 2019.A Amnistia Internacional conta com mais de 7 milhões de apoiantes e membros em todo o mundo. Tudo isto se deve à colaboração de todas as pessoas que, como você, contribuem e defendem, connosco, os Direitos Humanos.
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