quarta-feira, 15 de julho de 2015

90 ANOS DE PATRICE LUMUMBA, INDEPENDENTISTA E REVOLUCIONÁRIO AFRICANO

14 julho 2015, Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br (Brasil)

Líder negro Patrice Lumumba, responsável pela independência do Congo, nasceu em 2 de julho 1925 e foi assassinado a mando do imperialismo.

República do Congo -- PCO - "Temos sofrido ironias, insultos e golpes dia após dia simplesmente porque somos negros"

Patrice Émery Lumumba nasceu em 02 de julho de 1925 e foi assassinado pelo imperialismo em 1961, em 17 de janeiro. Lumumba é considerado um dos maiores expoentes africanos na luta pela independência de seu país, o Congo, e teve sob sua liderança milhares de operários e camponeses no processo de libertação do país do colonialismo belga.

Lumumba, quando preso, teve seu primeiro contato com movimentos pela independência que culminariam na formação do Movimento Nacional Congolês (MNC) em 1958, primeiro partido político nacional pela independência, que dois anos mais tarde levaria seu líder fundador ao poder.

Obviamente, todos os processos políticos no mundo, inclusive na África, são vigiados atentamente pelas forças de repressão dos Estados Unidos, como pode ser visto na totalidade das ditaduras na América Latina, todas planejadas sob a batuta do governo americano.

Lumumba logo se constituiu um alvo da repressão imperialista, isso em virtude da forte pressão revolucionária que existia no país, o que forçou o rei belga, Balduino I ir pessoalmente a Leopoldville proclamar a independência do Congo,
reconhecida oficialmente em 30 de junho de 1960.

A pressão pela independência do Congo partiu também da própria burguesia do país, que se viu pressionada pelo imperialismo mundial e buscou se libertar. Trata-se de um processo comum nas independências dos países africanos e dos países menos desenvolvidos, considerados historicamente como resultado do chamado nacionalismo burguês.

"Durante os 80 anos de governo colonial sofremos tanto que ainda não podemos afastar as feridas da memória. Nos obrigaram a trabalhar como escravos por salários que nem sequer nos permitem comer o suficiente para espantar a fome, ou se vestir, ou encontrar moradia, ou criar nossos filhos como seres queridos que são. Temos sofrido ironias, insultos e golpes dia após dia simplesmente porque somos negros. As leis de um sistema judicial que só reconhece a lei do mais forte nos tiraram as terras. Não há igualdade; as leis são brandas com os brancos mas cruéis com os negros. Os condenados por opiniões políticas ou crenças religiosas sofreram horrivelmente; exilados em seus próprio país, a vida tem sido pior que a morte. Nas cidades, os brancos puderam ter magníficas casas e os negros capengos barracos; os brancos não nos permitiam entrar no cinema, nos restaurantes ou nas lojas para europeus; fomos obrigados a viajar dentro das cargas ou aos pés dos brancos sentados em cabines de luxo. Quem poderá se esquecer dos massacres de tantos dos nossos irmãos ou das celas em que eram metidos os que não se submetiam à opressão e a exploração? Irmãos, assim tem sido a nossa vida”, disse Lumumba em seu discurso de posse como primeiro-ministro.
Quer dizer, mesmo após a independência formal do país, quem ainda mandava era o imperialismo: os militares belgas continuavam controlando o exército e a polícia, as empresas estrangeiras continuavam a controlar as minas e a CIA atuava conjuntamente com a inteligência belga para manter o país sob seu controle. Daí em diante, no país seguiu-se golpes atrás de golpes.

Executado pelo imperialismo
Lumumba foi assassinado sob ordens expressas da CIA e do presidente norte-americano Dwight Eisenhower em uma operação conjunta com a Bélgica. Documentos revelados em 2013 mostraram a ação.

Posteriormente, a Comissão Church, presidida pelo senador Frank Church, revelou que Foster Dulles, na época diretor da CIA, entrou em contato com seus agentes instalados em Leopoldville e ordenou a “remoção” de Patrice Lumumba do poder.

As investigações desta comissão provaram que em menos de dois meses após a independência do Congo, Eisenhower assinou em uma reunião secreta na Casa Branca uma ordem para assassiná-lo. Um dos agentes encarregados foi Frank Carlucci, futuro secretário de Defesa no governo de Ronald Reagan.

Para apagar provas e ocultar o envolvimento da CIA, o corpo de Lumumba foi desenterrado e dissolvido com ácido.

Fizeram essas atrocidades por considerar Lumumba, um dos líderes negros na história mundial, uma pessoa de última categoria, a quem se pode cometer qualquer barbaridade.
As ações imperialistas na África mostram que os conflitos que lá existem não são frutos de um continente “amaldiçoado”, ou “barbarizado”, mas de um continente sob o completo domínio do imperialismo, que tira e coloca governos ao sabor de seus interesses.

A independência do Congo do imperialismo belga foi a expressão de uma situação revolucionária em todo o mundo com os movimentos de libertação nacional e a desintegração do regime colonialista na Ásia e na África após a Segunda Guerra Mundial, processo que continua até os dias de hoje.


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