quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Economia de Moçambique deverá beneficiar com produção de combustíveis líquidos a partir do gás natural

18 agosto 2014, Macauhub http://www.macauhub.com.mo (China)

As unidades de produção de combustíveis refinados a partir de gás natural projectadas para Moçambique podem multiplicar o impacto desta matéria-prima energética na economia, com a redução da importação de combustíveis e mesmo exportação para a região.

Enquanto as unidades de processamento de gás natural liquefeito (LNG) para exportação têm sido mais faladas e têm projectos mais avançados, as fábricas de transformação de gás em combustíveis líquidos (GTL, na sigla inglesa) oferecem a capacidade de
abastecer o mercado interno e regional com gasóleo, combustíveis sintéticos e outros combustíveis refinados.

Este tipo de produção, afirma a Economist Intelligence Unit em relatório sobre a economia moçambicana, “trazem mais benefícios para a economia doméstica em termos de criação de emprego, actividade industrial e eliminação de custos das caras importações de bens energéticos.”

O desenvolvimento destas unidades “permitirá a Moçambique acrescentar valor aos seus recursos gasíferos” recentemente descobertos na bacia do Rovuma, que rivalizam com as maiores já identificadas no mundo, com “grande impacto industrial, comercial e orçamental”, para além de 2018, quando a produção tiver início, adianta a EIU.

No mês passado, a estatal moçambicana Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) acordou com os grupos sul-africanos Sasol e italiano ENI a realização de um estudo de pré-viabilidade para a construção de uma fábrica GTL, a ser alimentada com o gás natural a ser extraído na bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, que deverá ter uma capacidade inicial de produção de 96 mil barris de combustíveis líquidos por dia.

A ENH e o grupo ENI são parceiros no bloco Área 4 da bacia do Rovuma e a Sasol está a desenvolver com a ENH o projecto de Pande e Temane, detendo o grupo Sasol tecnologia que permite a transformação do gás em derivados líquidos.

“A implantação de um projecto do género vai permitir que o país passe a produzir combustíveis líquidos a partir do gás, como gasóleo e petróleo de iluminação, por exemplo, e reduzir a dependência na importação”, afirmou o presidente da ENH, Nelson Ocuane.
Já antes, no final de Junho, a Royal Dutch Shell havia assinado um outro acordo com a ENH, que permitiu lançar um estudo de pré-viabilidade para uma unidade de GTL.

A Shell construiu a primeira fábrica de GTL comercial em Bintulu, Malásia, e em 2011, com a sua parceira Qatar Petroleum, iniciou a produção na maior fábrica de GTL no mundo, a Pearl GTL, no Qatar.

Os estudos permitirão à Sasol e à Shell fazer uma estimativa dos investimentos necessários na construção das unidades e um calendário até que cheguem ao terreno, permitindo a Moçambique diversificar o uso potencial do gás natural, um “desenvolvimento positivo”, para a EIU.

A construção destas unidades integra-se no chamado “Plano director do gás natural”, documento desenvolvido com assistência técnica do Banco Mundial e aprovado pelo Conselho de Ministros no final de Junho, com objectivo de acelerar o desenvolvimento industrial através do uso e processamento local de recursos energéticos.

O plano contempla ainda a construção de um oleoduto ligando a província de Cabo Delgado a Maputo, no sul.

Também a produção de combustíveis a partir de carvão despertou recentemente o interesse de alguns investidores estrangeiros, como a Clean Carbon Industries, que chegou a anunciar no final de 2012 a intenção de investir mil milhões de dólares na construção de uma fábrica com esse finalidade.

Hugh Brown, que apresentou o projecto no decurso de uma reunião do governo da província de Sofala, disse que a fábrica, a ser construída no posto administrativo de Savane, com entrada em funcionamento prevista para 2015, irá produzir gasolina, gasóleo e petróleo para a aviação, conhecido por “Jet A1″.


Os estudos de pré-viabilidade indicavam que a fábrica deverá vir a produzir 65 mil barris de combustíveis por dia, permitindo a Moçambique poupar até 300 milhões de dólares em divisas, além de assegurar o abastecimento de combustíveis. (macauhub/MZ)

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